A CAGADA

Trimmmm!!!!!!!!!

6:30h da manhã, hora de levantar, o olho que insiste em ficar fechado. Desligo o despertador. Mais cinco minutos. Começo a pegar no sono. Pesadelo. Sensação ruim.

Trimmmm!!!!!!!!!

Que saco! Levanto e como num ritual vou para o meu banho matinal. Tranco a porta. Fecho a janela. Ligo o chuveiro. Enquanto vou tirando a roupa o banheiro vai ficando cheio de fumaça. O vapor da água quente, adoro isso.

Pronto, tudo embaçado. Já posso começar a me lavar. Entre uma esfregada e outra, uma explosão de pensamentos. Sigo viajando nas ideias que vão passando pela minha cabeça. Marion Crane gritando como uma louca desnuda por uma cortina de plástico vagabunda. Quanto tempo o corpo demora para repor o sangue perdido?

Toc toc toc...

- Amor, abre a porta. É urgente. Preciso usar o vaso.

Caramba, tinha até me esquecido que meu namorado passou a noite comigo. E agora vem atrapalhar o meu banho. Não gosto que ninguém me atrapalhe nessa hora.

- Não dá para esperar?

- Não dá, amor. Estou com dor de barriga.

Mais essa. Não acredito. Vou ter que ver ele cagar na minha frente? Que bosta.

- Pode entrar. Esta destrancada.

Viro de costas para ele e continuo a me esfregar. Não queria ver aquela cena. Começo a me enxaguar e não consigo deixar de notar aquele odor horrível, invadindo minhas narinas. Queimando. A impressão que dava era que os pelos do meu nariz estavam enrolando de tanto que fedia.

Quem diz que esse tipo de intimidade em uma relação é boa e saudável, não sabe do que está dizendo. Não tem nada de saudável nisso. Parece que tem uma carcaça de animal apodrecendo no meu banheiro. Você perde totalmente o tesão. Mas apesar de tudo eu amava aquele cagão.

- Obrigado, amor. Acho que não aguentaria segurar. Agora que acabei vou aproveitar e entrar no banho com você, pra gente namorar um pouquinho.

- Não! Não tem clima pra isso agora. Para!

- Que frescura, amor. Vem cá, me dá um beijinho.

- Para! Não quero!

Ele não parava, não me ouvia dizer que não. O idiota. Empurrei com todas as minhas forças. O chão molhado. Até hoje não sei de onde veio todo aquele sangue. Aquele cheiro de merda...

Que cagada!

Juliana AP Mendes
Enviado por Juliana AP Mendes em 14/08/2018
Código do texto: T6419193
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.