Eternamente só

Estava lá novamente,naquela praça triste,como eu,andando desacompanhado.Talvez seja algo a se pensar:onde estão meus amigos?E jaz aqui a provável resposta:Porque sou uma coisa morta,apenas uma lembrança que ELES querem esquecer.Pelo menos é assim que eu me sinto.Um alguém que só é falado quando falta o assunto do dia,ou melhor dizendo,a fofoca.Só assim os falsos colegas vem ter comigo uma conversa que,dizem eles,é agradável.Por esses e por outros motivos,sou considerado apenas um fragmento de memória,de um espaço vazio,de um "nada bem cheio de nada".Talvez,do pó.

Nesse momento,passa um vento,que leva toda a escória da sociedade jogada na calçada(outrora chamada de LIXO)embora.Naquela imunda praça só fica eu e algumas árvores.

As gigantes tipóias não se importam comigo,o ilustre,calmo e chateado visitante.Continuam "dançando" na ventania,tão comum antes das chuvas.

Comecei a andar na direção da igrejinha central.Gritei a esmo:

-Me dê,Senhor,um sinal de que me amam!

O vento assobiou de maneira singular antes que um raio viesse do céu e quase me partisse ao meio.Desmaiei instantaneamente.

Fiquei surpreso ao acordar na cama de um hospital,com todas as tias que eu não conheço,primos que nunca vi e(claro)meus pais,sorrindo para mim.Todos esses sinais indicavam um fato que não podia recusar:EU NÃO ESTAVA MORTO.A felicidade tomou conta de mim.Não por estar vivo,mas sim por saber que era amado como qualquer ser vivente que pudesse andar pela rua e,talvez,até mais.As pessoas que amo(e ,algumas,que não coheço)se mostraram presentes quando mais precisei.

Desse dia em diante,as enormes tipóias nunca mais foram incomodadas pelo ilustre,calmo e feliz visitante.

NOTA:O GOVERNO ADVERTE QUE GRITAR COM DEUS,FAZENDO RECLAMAÇÕES DE SUA VIDA,É ALTAMENTE PREJUDICIAL À SAÚDE.

Bruno de Oliveira
Enviado por Bruno de Oliveira em 09/09/2007
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