O som, a fúria e a traição
Àquele dia muita coisa boa aconteceu: não estava tão frio (mín. 14º – máx. 26º), tinha bebido no dia anterior e não estava com ressaca ou enxaqueca, tinha uns trocados de sobra e o bolso não estava choroso, tinha conseguido completar mais 8 seleções na troca de figurinhas da Copa; aliás só aconteceu uma coisa ruim àquele dia, mas isto foi bem mais tarde noutro campo. Então à saída, enquanto ainda estava com a chave na porta, ela chegou ao pé da escada. Onde você vai? Perguntou. Vou ali no Aloha assistir ao jogo com meu primo, respondi. Ela cruzou os braços e começou a balançar a perna semi-flexionada como uma menininha a fazer birra. Tudo bem, ela disse, mas sem amante eu não fico; e saiu, empertigada em sua fúria, em busca de outros braços noutra cama. Enquanto eu lembrava de seu rebolado corneado e corneteiro, a Alemanha pôs o pé no freio e parou nos 7 a 1.