A Casa e a Ponte Azul - BVIW

Todas as tardes, às cinco horas, a jovem se debruçava à janela azul. Britanicamente pontual, tendo às mãos uma chávena de chá.

Circunvagava os olhos pela paisagem, admirando a beleza das árvores, aspirando o perfume das flores. E bebericava seu chá, em goles lentos, pausados, quase planejados.

À sua frente, nos limites da propriedade, principiava uma ponte. Pequena, rústica, de madeira pintada de azul como a janela. Estendia-se sobre minúsculo riacho que, de tão estreito e raso, quase a dispensaria, desde que quem quisesse atravessá-lo fosse jovem e ágil para o salto. Riacho estreito, mas murmurante, melodioso.

Olhos fixos na ponte azul, a expressão facial da jovem era de espera, ansiedade, angústia.

Pontualmente também, ao badalar das seis horas, resignada e triste, retirava-se fechando a janela.

Um dia, a janela azul não se abriu...

E ninguém jamais soube quem ou o que a jovem esperava...