A HISTÓRIA DE UM POETA TRISTE

Ele costumava apreciar o mar debaixo de uma frondosa árvore na praia existente, era seu lugar preferido, ali imaginava que aquele mundo de água salgada era totalmente seu, podia fazer o que quisesse com ele, mentalmente era seu. Se via navegando em um barco de luxo, belas garotas ali do seu lado, uma garrafa do melhor whisky e um sorriso no rosto. Mas isso era apenas um pensamento, Clóvis jamais poderia desfrutar de uma vida dessa, não tinha recursos para tal, era um pobretão aposentado e sem ao menos uma companheira, ela já havia partido há anos e desde então resolvera optar pela solidão. Filhos? Ah! Esses tinham suas vidas, moravam distante e pouco o visitavam. Sua pequena residência resumia-se em um simples apartamento de apenas um quarto, o outro fora transformado numa espécie de biblioteca onde guardava livros do seu gosto literário, eram romances, histórias de ficção, aventuras policiais e assuntos políticos. Pouco ficava no imóvel, preferia aquele local na praia onde bebericava uma cachacinha e depois algumas latas de cerveja, era seu divertimento, além de apreciar o formoso mar que sempre o induziu a escrever as mais belas poesias que guardava com muito cuidado, ansiava um dia poder publicá-las em livros, porém lhe faltavam recursos financeiros e isso o entristecia, mas assim mesmo era feliz, adorava escrever frases que emocionassem quem as lia, seus poemas eram muito apreciados nas redes sociais, tinha um certo conceito entre os amigos, mas era um sonhador inveterado e só ali encontrava paz e silêncio para os seus escritos, pensamentos que abandonavam seu cérebro e ganhavam uma folha de papel ou também a tela de um celular, ali ficavam até fazer parte de um site e das redes sociais, sites como o Recanto das Letras onde todos os seus trabalhos escritos estão colecionados. Considerava esse acervo um tesouro e que era muito lido.

Clóvis não esperava muito da vida, sempre se dedicou a família, criara filhos e netos com todo carinho e dedicação, sempre ajudou todos a mudarem suas vidas juntamente com a esposa Elza, companheira inseparável desse poeta que o deixou viúvo numa fatídica noite de inverno quando sofreram um acidente de carro e ela veio a falecer não resistindo aos ferimentos. Ele sofreu um pouco, ficou internado mas teve melhor sorte, daí então transformou-se em um homem de aparência triste e sua única alegria é ir até a praia onde compõe seus versos debaixo de uma árvore que já se tornou seu habitat natural. Ali é seu local preferido, é ali que diante do "seu" mar engana a sua tristeza inventando histórias em forma de poesias para deleite de quem as lê.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 19/09/2021
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