QUANDO A MORTE NÃO FAZ SENTIDO

   Edilayne pegou um táxi apressada e não percebeu que caiu de sua bolsa a sua carteira com dinheiro e documentos. Era um domingo de sol convidativo para uma praia,  a rua estava deserta mas o seu semblante era de preocupação. Pediu que o motorista seguisse para um bairro vizinho onde chegou em poucos minutos. Procurou a carteira na bolsa e viu que ali não se encontrava, o que a deixou mais irritada do que estava. Voltou imediatamente para casa no mesmo carro supondo ter eaquecido de pegar e pediu que o taxista aguardasse um pouco. Após alguns munutos, quase chorando, informou ao profissional que não dispunha da quantia para fazer o pagamento da corrida, momento em que um menino aproximou-se entregando-lhe a carteira intacta, tendo Edilayne embarcado no táxi e retornado para o bairro de destino, parando em uma esquina e efetuado o devido pagamento. O veículo desapareceu e nossa personagem entrou por uma rua estreita e bateu em uma porta de determinada casa simples ali existente, sendo atendida por uma senhora que a reconheceu e fechou imediatamente a porta. Não deu tempo de trancar pois Edilayne empurrou com violência e adentrou a residência para espanto da outra.

   Na frente da casa de Edilayne o garoto permaneceu sentado em uma calçada e algo o fez assim proceder. Nem ele entendia bem o porque ali havia permanecido, pois recebera da mulher a quem entregou a carteira uma quantia razoável, poderia ter ido embora após devolver o pertence da mulher que conhecia de vista e tinha percebido quando o objeto caiu ao entrar ela no táxi, ficando ali aguardando o seu retorno. Seu ar era triste e em certo momento levantou os braços como se tentasse segurar algo que seus olhos não viam. Fez um esforço tremendo, apesar dos seus cerca de quatorze anos, até que enfim suspirou e baixou os braços, voltando a sentar na calçada. Nada entendeu daquilo, tudo parecia um momento de loucura ou certa brincadeira.

   Na casa onde Edilayne havia adentrado a força uma cena intrigante aconteceu: ela tentou esfaquear a mulher, porém uma força estranha a deteve, o que a deixou impressionada. Não conseguira ceifar a vida da desafeta, a qual era amante de seu marido, tendo planejado essa investida para se ver livre dela. Sem forças para qualquer outra reação se viu na condição de perdedora e deixou imediatamente o local, saindo em busca de algum táxi para voltar para casa. O mesmo motorista que a trouxera por ali passava no momento e a deixou em casa. O moleque ali ainda estava e ao vê-la gritou sem mais nem menos: "assassina!". Logo em seguida saiu correndo, deixando o taxista abismado sem nada entender. Ao entrar em casa outra surpresa a aguardava: o marido a esperava e foi logo falando que não precisava ter tentado tirar a vida da outra, pois já não mais lhe interessava esse romance clandestino.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 26/01/2022
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