DESPEDIDA (conto)

O sinal fechou. Dois pares de olhos lacrimejantes observavam através do parabrisa a fila de carros que se estendiam pela avenida sem se movimentatem com a desejada velocidade. O congestionamento não era esperado para quem precisava de uma certa calma para um acerto de contas, com certeza algum acidente mais a frente havia causado esse transtorno. O silêncio imperava dentro do veículo onde um casal casal se preparava para uma tomada de solução para por fim a um conflito de corações. Ninguém ousava pronunciar uma única palavra, até o rádio que tocava uma música suave foi desligado, era evidente que aquele clima tenso não devia ser perturbado por nada, mas a impaciência necessitava de um certo limite.

Enfim o trânsito fluiu, a fila de veículos com motoristas impacientes começou a andar depois de cerca de uma hora de espera. Mais alguns minutos e o carro parou em frente a uma residência de aparência simples e o casal desceu. A mulher desceu primeiro dirigindo-se ao portão de ferro e o abriu, sendo seguida pelo homem, que tentou acalmá-la enxugando suas lágrimas. Nenhuma palavra foi pronunciada por qualquer um deles. Alguém surgiu na porta de entrada da casa e com olhar triste abraçou a mulher que logo adentrou, aumentando a sua aflição.

A vida nos deixa, em certos momentos, sem controle de uma situação emotiva, nos faz ficar em dúvida em diversos aspectos de nossa caminhada em busca de algo que deveria ser compartilhado com todos, principalmente com aqueles que nos são caros e que em cujas veias corre o mesmo sangue. O homem olhou atentamente para aquelas duas mulheres que se abraçavam e deixou cair uma única lágrima. Sentiu-se triste com essa despedida, mas seu coração recomendava voltar. Mãe e filha viram o homem se afastar e entrar no carro dando partida em seguida. Ele não tinha certeza se gostava da mulher a quem dedicou uma certa atenção, brigavam muito e ele resolvera deixá-la na casa de sua mãe, numa atitude decente, para que se recomposse e refletisse se realmente queria viver com ele.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 31/01/2022
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