MINHA IRMÃ ERA GAY

   Brenda ficou estarrecida quando entrou repentinamente no quarto de sua irmã Benilde, nunca imaginara ver a cena que viu e que a deixou furiosa. Entrara sorrateiramente, queria lhe fazer uma surpresa, tinha algo para lhe mostrar, porém o que acabara de ver foi como se levasse uma descarga elétrica de 220 volts, não estava querendo acreditar. Uma surpresa muito desagradável lhe deixava sem chão e isso não era admissível segundo a sua concepção. Teve vontade de gritar e até de espancá-la, mas se conteve, preferiu esperar mais um pouco para ter a certeza, poderia estar tendo uma alucinação, afinal sua irmã ainda não tinha percebido a sua presença ali de tão distraída que estava, não esperava que Brenda adentrasse seu quarto sem bater como sempre fazia. Brenda permaneceu imóvel e até se esquivou um pouco do seu campo de visão, já que "estava na chuva" o jeito agora era "se molhar". Controlou seu impulso e tentou o máximo não fazer qualquer tipo de barulho para não despertar a sua atenção. Tinha medo do que poderia ser capaz de fazer, gostava tanto dessa irmã, sua única irmã e mais nova. Chorou compulsivamente, não conseguiu conter as lágrimas tamanha era a sua decepção, no entanto os seus soluços denunciaram a sua presença ali, o que fez Benilde olhar na direção da porta.

   Benilde abraçou sua irmã Brenda que saía para ir ao shopping, voltaria dentro de uma hora mais ou menos. Benilde lhe avisou que esperava uma amiga e que estudariam juntas nessa tarde. Ela sorriu e ganhou a rua. Minutos depois chega a amiga de Benilde, uma moça com seus dezessete para dezoito anos, bonita e de aparência chic. Seu nome era Sylvia, um pouco mais velha que Benilde, que tinha dezesseis anos. Foram ambas para o quarto e iniciaram os estudos. Os pais delas haviam viajado e as deixaram sós, pois sabiam que eram responsáveis e confiavam mais em Brenda que tinha 21 anos.

Mas voltemos a cena que deixou Brenda perplexa, afinal nunca desconfiara que sua irmã pudesse ser capaz de fazer o que ela presenciara. Bateu uma tristeza imensa e seu choro, além dos soluços, foi detectado por Benilde que, assustada, descobriu que a irmã a espionava, imaginava que ainda estivesse no shopping. Brenda enfim partiu em direção a Benilde pronta para lhe agredir, mas ao chegar próximo dela algo a deteve e mesmo muito chateada expulsou a sua amiga e determinou que sua irmã sentasse no sofá da sala para conversarem e exigiu que essa situação fosse esclarecida. É que Brenda flagrou sua irmã aos beijos com Sylvia, deduzindo então que ela era gay. Benilde, muito abalada e vendo seu segredo ser descoberto, caiu em prantos e não teve outra opção senão contar a verdade. Disse que conheceu Sylvia em uma festinha de aniversário no bairro e começaram essa "amizade" há cerca de um ano e que se transformou em um romance. Disse também que sua tendência homossexual aflorou quando ela tinha em torno de doze para treze anos. Perplexa Brenda ouviu todo o relato da irmã e ficou preocupada com os pais quando eles chegassem de viagem e como iriam reagir com essa notícia, afinal ninguém da casa havia desconfiado dessa situação.

- E aí, como vão reagir nossos pais? Como vamos saber o que eles vão fazer ao descobrirem que têm uma filha gay? - perguntou para a irmã em tom de dúvida.

- Seja o que Deus quiser, eles têm que entender que ninguém é dono de seu corpo e nem de sua mente - disse Benilde, e concluiu: se eles não me aceitarem aqui façam o que quiserem, eu é que não posso mudar a minha opção sexual, nasci assim e assim vou morrer.

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Observação : fica a critério do leitor produzir um comentário de acordo com o seu entendimento sobre este assunto.

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Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 24/05/2022
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