ELZIR - UMA HISTÓRIA TRISTE

   Elzir sempre foi uma garota extrovertida, alegre, brincalhona e muito simpática, além de bonita e charmosa. Eu ficava horas admirando aquela criatura que morava numa rua bem próxima da minha casa. Eu sentia algo diferente por ela, nem sei como explicar, mesmo sem nunca ter trocado uma palavra sequer com essa jovem. Nem mesmo um simples olhar Elzir havia dirigido a mim, mas só a sua presença já era suficiente para atender o meu ego quando vinha para a rua onde eu morava para papear com os amigos. Ela podia ter uns dezesseis para dezessete anos, estava na flor da idade, assim como eu, que beirava os dezoito. Me acostumei com essa inusitada situação, porém sempre almejando me aproximar dela, que gostava de jogar volei com a turma.

   Por força do destino eu tive que me mudar para outro Estado junto com a familia e acabei nunca mais vendo Elzir, mas a sua lembrança ficou guardada comigo. Anos se passaram, casei e constituí minha família, foram praticamente mais de dez anos sem retornar ao antigo Estado onde vivi a minha juventude e uma oportunidade surgiu quando minha familia viajou de férias, pai, mãe e irmãos, para visitar alguns parentes e amigos. Eu também resolvi ir com a mulher e filhos. A primeira coisa que me veio na mente foi a figura de Elzir. Como estaria ela? Será que ainda residia no bairro? Teria se casado? Essas particularidades eu procurei descobrir quando fui procurar antigos amigos e descobrir uma realidade muito triste. Ela morava ainda na mesma casa, porém dependente da sua mãe já velhinha, pois tinha sofrido um acidente automobilístico que lhe afetou o cérebro, além de deixá-la completamente tetaplégica, sem ter a mínima noção do que é a vida. Ela estava com trinta anos, mas lamentavelmente aparentava ter muito mais, também não reconhecia ninguém, nem mesmo os familiares. Toda aquela beleza havia sumido, seu corpo outrora sensual estava quase esquelético, o que me fez chorar de tanta tristeza. Sei que Elzir não me reconheceu, mas o meu pensamento continua voltado para as boas lembranças da juventude.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 30/07/2022
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