E TENHO DITO!

 

— O que cê tá me dizendo, Leilinha?

— Isso mesmo, mamãe! Terminei com o Flávio Henrique!

— Então é isso? Oito anos de namoro, casamento marcado, e fim?

— Tô noutra, mamãe!

— Tô noutra! Iludiu o rapaz, fez o coitado perder tempo...

— Eu estava tentando, mas...

—Tentou demais! O Flavinho não merece...

— Peraí! Cê tá do lado de quem, Dona Teresa?

— Tô do lado do justo! E o justo é o justo, Leila!

— Tá legal, mamãe, sempre achei que você era mesmo puxa-saco do Efeagá!

— Epa, epa, epa! Não torce as coisas, sua malcriada! Só acho que...

— Mamãe, esse assunto já tá chato!

— Tá chato? Chato é ver você fazer hora com a cara dos outros, menina!

— Mamãe, eu não amo o rapaz! Que que eu posso fazer?

— Nada, né? É largar mesmo! Coisa que já devia der feito há muitos anos!

— Tá legal, mamãe! Eu sou um ser leviano, ignóbil, desprezível, valeu, viu?

— Não ponha palavras na minha boca, Leila! Você sabe que errou com o moço!

— Aiai! Tô me sentindo a Nazaré Tedesco, nossa!

— Vá pro seu quarto, trem sem juízo! Não vou mais perder tempo com você!

— Opa! Demorou! Levar lição cansa, sabia?

— Pois é! Quem sou eu pra te ensinar qualquer coisa, né?! Isso eu deixo é pra escola da vida! E tenho dito! Sai da minha frente, Leila Maria!

 

 

Tema da semana: Na escola da vida (conto)