O CASAMENTO DE BEATRIZ

   Aquela menina mimada certo dia virou a cabeça e desagradou seus pais, passou a namorar um rapaz escondido deles, sempre que largava da escola lá vinha ela de mãos dadas com Gilberto. Assim passou a se comportar Beatriz, que cansou de ser paparicada pelos seus genitores, mesmo tendo apenas 14 aninhos, ainda era uma menininha. Como hoje em dia é natural um namoro entre jovens, independente da idade, Beatriz ostentava no trajeto escola/casa, pouco se interessando se seus pais iriam descobrir, só que quando se aproximava de casa é que soltava a mão do rapaz para evitar problemas, pelo menos por enquanto.

   Calhou de certo dia ela ser flagrada pelo pai quando voltava da escola de mãos dadas com o namorado que ele não conhecia. Ficou escandalizado, mesmo em tempos atuais, pois zelava pelo bem estar da filha e não admitia que ela namorasse. Mandou o rapaz embora, pegou Beatriz pelo braço e se pôs a caminho de casa. Em lá chegando e para espanto da mãe, que tomou conhecimento do ocorrido, aplicou-lhe um corretivo. A menina chorou, esperneou e meteu-se no quarto onde chorou rios de lágrimas. A partir desse dia passou a ser vigiada quando ia para a escola. Passaram-se alguns dias e quando a situação acalmou o pai julgou que ela tinha esquecido o rapaz. Que nada, Beatriz passou a se encontrar novamente com Gilberto, dessa vez tendo mais cuidado para não ser vista outra vez. A menina era esperta, mas não é todo esperto que se dar bem, novamente o pai a flagrou dessa vez aos beijos com o namorado, o que o enfureceu. Mais uma vez mandou o rapaz embora, deu umas "bolachas" na filha e a rebocou pelo braço para casa. Novo corretivo, nova insatisfação da mãe e novas lágrimas derramadas. Vigilância total agora para sua ida à escola, um dos dois ia levar e ia buscar, só saía com a presença do pai ou da mãe e estamos conversados.

   O tempo passou e Beatriz até se acostumou com a situação, tudo estava dando a entender que a garota não queria mais saber do namorado, apesar dele ter sido visto rondando a casa dela. E Beatriz percebeu, de alguma forma ela estava se comunicando com ele. Como é o que seus pais queriam saber, pois celular ela não tinha, já que esse caso se passou logo quando esses aparelhinhos começaram a ser usados pelos jovens e Beatriz nao tinha ainda. Mas como o pai era esperto passou a investigar e acabou descobrindo que a empregada da casa era responsável pelos bilhetinhos que iam e vinham. Resultado, a doméstica terminou perdendo o emprego.

   Mais um tempo de calmaria na casa, Beatriz ia e voltava da escola na companhia de um dos genitores. Dois anos se passaram nessa situação, agora ela era uma menina-moça, tinha 16 anos e implorou aos pais para que a deixasse namorar, pelo menos em casa na presença deles, no que foi aceito, mesmo a contragosto. Era marcação cerrada com hora para chegar e para sair, nem um minuto a mais. Gilberto agüentou calado essa situação, não se desgrudou da namorada, gostava dela e tinha boas intenções. Já mocinha e com o namoro oficializado podia ir para a escola sozinha, porém com muita recomendação. Acontece, porém, que com a baixa da guarda Beatriz e Gilberto tiveram mais oportunidades de se encontrarem e isso facilitou para que os dois começassem a freqüentar um motel das proximidades e com isso desvirginou a namorada. Estava uma delícia para eles enganando os pais dela e fazendo sexo com bastante freqüência. Mas o comportamento de Beatriz passou a ser alvo de desconfiança em casa, ela estava mais "cheinha", corpo avolumado, seios mais vistosos e um semblante de auto confiança da jovem. Não deu outra, ela estava grávida. Pense num aperreio de vida para os pais! Pois é, a menina estava buchuda e tinha que casar, era uma questão de honra para o pai. A mãe chorou, se aperreou, o pai também, mas acabaram se acalmando e providenciando o casório, do jeito que estava não podia ficar, a filha única do casal não podia ficar falada na vizinhança e a data foi marcada. A mentalidade dos pais de Beatriz era ainda aquela do tempo passado, "buliu" com a moça tinha que casar.

   Não passou muito tempo não para o casamento acontecer, todos estavam felizes, não aquela felicidade natural quando se faz um casamento dentro dos trinques, mas uma felicidade por ter solucionado uma situação constrangedora, para os pais, é claro. E assim termina esta história, Beatriz se casou no civil e depois na igreja, foi um casamento simples com poucos convidados e uma recepção na casa dela, onde passou a morar, já que o noivo não tinha uma boa condição financeira e nem tão pouco uma casa, pois a que morava com seus pais era alugada e a da esposa pelo menos era própria.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 07/08/2022
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