CONFLITO DE UM CASAL - VIDA PARALELA

A luz tênue do abajur despertou lentamente Raul, aos poucos ele foi se adaptando ao ambiente e tendo noção de onde estava. Não queria estar ali, mas a tentação daquela garota que conhecera no metrô o fez seguí-la e cortejá-la. Ela simplesmente lhe sorrira quando desceu do vagão quase lotado, durante o trajeto ele a observava e viu que poderia "cantá-la" lá fora, exatamente o que ocorreu. Ana, assim se chamava, revelou-se também interessada no papo dele, não com palavras, mas com aceitação através de gestos. Vinha do trabalho por volta das cinco e meia da tarde, ele também, largara mais cedo e tentava chegar em casa mais cedo para uma conversa com a esposa, há algum tempo não vinham bem no relacionamento, pensava em abandonar o lar e dar um fim aos inúmeros problemas que envolviam os dois. Estava aborrecido, vinha imaginando o que dizer e como dizer, queria justificar que não dava mais certo essa união conturbada e o melhor seria a separação. Mas Ana tirou-lhe desse pensamento e momentaneamente esqueceu que ainda era um homem casado, que ainda tinha responsabilidade a cumprir.

   Abordara Ana logo na saída do metrô, ela até diminuiu os passos quando percebeu que Raul a seguia. Iniciaram a conversação, pareciam dois adolescentes entusiasmados com o amor, ela sempre sorridente e ele impressionado com tanta beleza ao seu dispor assim com tanta facilidade. Foram até a casa dela e Raul descobriu que ela morava só, apesar de ser ainda jovem. Ela o convidou para entrar, ele aceitou o convite. Conversaram no sofá e minutos depois estavam tomando uma dose de vinho que Ana ofereceu. Enquanto ele via tv ela foi tomar um banho, parecia que já se conheciam há anos. E o clima na sala se tornou mais envolvente, com abraços e beijos, aparentemente Raul estava muito feliz, Ana demonstrava total interesse nele, que nem se preocupou mais em conversar com a esposa, ficaria para depois. Jantaram e foram para o terraço conversar, praticamente um namoro entre eles lá estava existindo. Isso na primeira noite, no primeiro encontro, o que estava deixando Raul um pouco desconfiado. Mas ele estava tão empolgado com Ana que desprezou essa desconfiança e partiram para mais algumas doses de vinho, afinal era uma sexta-feira e a noite prometia. Alguns petiscos foram preparados, a moça estava bastante animada e também bebia, ele que exagerou e terminou convidando-a para a cama, estava super excitado. Se entregaram totalmente ao sexo, com volúpia e paixão, porém depois de consumado o ato ele adormeceu.

   Acordou com a luz do abajur perto dos seus olhos, se orientou e viu onde estava. Ana dormia profundamente ao seu lado. Sua cabeça ainda rodava e resolveu permanecer ali deitado por mais algum tempo. Era pouco mais de sete da manhã quando ambos se levantaram, tomaram uma boa ducha e se prepararam para o café da manhã. Depois de algum tempo Raul resolveu ir para casa, ela nem quiz saber se ele era casado ou tinha algum compromisso, isso não lhe interessava, segundo confirmou para ele. Se despediram e ele prometeu voltar. Em casa deu uma boa desculpa para a esposa que nem se preocupou de saber onde estava, o clima entre eles era o pior possível.

   A conversa que teria com a esposa foi esquecida, seu pensamento estava com Ana, por enquanto ficaria com essa vida paralela, mesmo sem existir amor, só lhe interessava, por enquanto, esse momento, depois decidiria o que fazer. E assim continuou, se encontrando com a amante, tendo sexo constante com ela, e vivendo com a esposa fazendo amor com pouca freqüência.