O SONHO DE MARTHA

   Martha acordou meio assustadinha, diante dela alguns rostinhos femininos que lhe sorriam. Segurando uma bonequinha de pano, que comprimia no peito, Marthinha pouco estava entendendo aquela situação. Permanecia séria, confusa, natural em quem acaba de despertar e toma por cima uma surpresa assim. Mas manteve a calma e procurou se inteirar dessa situação um tanto esquisita. Entre aqueles rostinhos que mais pareciam zombadores e que ela conhecia muito bem estavam: Cristina, essa sapeca menina que, pelo que se via, liderava a turma, cada uma também com uma boneca idêntica a de Martha; Nana, com seu sorriso maroto e penetrante; Lumah, muito sorridente, mais que as outras; Ieda, que brincava encostando sua boneca no rosto de Martha; e por fim Norma, essa mais calma e pensativa, mas sempre ensaiando um sorrisinho brincalhão. A farra estava boa, a bagunça que Martha tentata entender se generalizava e ela não tinha controle da situação, afinal acabara de acordar e se vira nessas condições estranhas. Pensou em gritar, mas se manteve, gritar com as amiguinhas não seria legal, teve bom senso. Olhou para cada rostinho daqueles e falou: gente, o que está acontecendo? As meninas caíram na gargalhada e em seguida fizeram um silêncio sepulcral, o que fez Martha ficar mais confusa ainda. Como entender essa turma, pensou ela. Bem - disse Martha - saiam da frente que eu quero me levantar dessa cama e entender melhor o que está acontecendo. Dito isso sentou-se na cama, nem sabia ao certo onde estava, mas procurou se situar. Ficou de pé e afastou com os braços aquelas que estavam na frente, sem no entanto se desvencilhar de sua boneca. Abriu caminho e viu encostados na parede dois meninos que estavam bem sérios, diferentes das meninas que voltaram a gargalhar quando notaram que ela tinha visto os dois. Martha olhou atentamente e reconheceu aqueles moleques.

   Vamos voltar algum tempo antes do desfecho desse caso quando Marthinha, essa menina meio agitada, foi dormir. Ela sempre dorme agarrada com sua boneca de pano, presente do seu pai. Tinha passado a tarde toda brincando com as amiguinhas, essas que citei acima. Elas sempre brincam por ali pelo jardim da casa de Martha, cada uma tem a sua bonequinha de pano. Nessa tarde elas brincaram tanto que Marthinha acabou ficando muito cansada e foi dormir mais cedo. Mal jantou e já foi direto prá cama.

   Voltemos àquele ponto quando Martha viu aqueles dois meninos encostados na parede. Ela foi de encontro a eles já que os conhecia. Eram o Moacir e o José Ariousy. Ela encarou os dois e disse assim: quero falar com você! Mas o seu dedinho indicador ficou bem próximo da cabeça do Moacir, quase pousando nos seus cabelos pretinhos, que ficou em dúvida, se era com ele ou com o seu amigo Zezinho. Quando aquele dedinho inquisidor encostou na testa de José Ariousy o Moacir respirou aliviado, enquanto o escolhido arregalou os olhos e surpreso ficou. A essas alturas as meninas, já na maior anarquia, começaram a chamar em côro os nomes dos dois. Martha, tomada de surpresa e ao mesmo tempo sentindo uma grande alegria misturada com felicidade, abraçou aquele guri para espanto geral. Moacir saiu logo de fininho sob o olhar das meninas que estavam dando incentivo para aquele abraço. Mas... de repente... aquele momento sublime se dissipou como fumaça e aquela menina alegre acordou lamentando ter acordado. Puxa - falou ela - logo agora? Ia ser tão bom! Mas tem nada não, algum dia eu hei de encontrar esse menino e conversar com ele, esse sonho não vai ser em vão.

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Este conto tem a participação de:

Marthamaria

Cristina Gaspar

Nana Gonçalves

Lumah

Ieda Chaves Freitas

Norma Aparecida Silveira Moraes

Participações especiais:

Moacir Rodrigues

José Ariousy Moreira (marido de Marthamaria)

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 27/09/2022
Reeditado em 27/09/2022
Código do texto: T7615320
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