DE SOLIDÃO VOLUNTÁRIA (BVIW)
- Bom dia dona Marta, seu café
- Bom dia Maria, por favor leve a bandeja de volta , estou sem fome, vou ficar na cama mais um pouco, conversando comigo mesma, lembrando daquele que se foi... Enfim, de tudo o que restou... Não, eu não vou perguntar por onda anda, nem dizer que estou com saudade, nem lembrar da velha frase... “Se os espinhos não ferem a rosa chega perto que eu não vou te machucar”. Deixa pra lá, não é bem de saudade que eu estou pretendendo falar. É mais precisamente sobre tristeza, que no pensar da cronista Martha Medeiros é um sentimento tão comum quanto alegria, é um registro da nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Lembrando ainda a cronista que o estar triste não é estar deprimido . Comungo deste pensamento por ter cá os meus momentos normais de tristeza e quando isto acontece desejo que me seja permitido ficar quieta por algum tempo, na certeza de que a minha solidão voluntária é consciente não me causa dano porque sei que ao “voltar”, ao meu redor estarão todos os meus amados. Com este pensamento, me sentei, fechei os olhos e mergulhei fundo nas coisas passadas. E o que emergiu – repetindo Camões - “eram tudo memórias de alegria”
-Maria, trás o café de volta!!!