O QUE NOS RESERVA O FUTURO

Naquela rua, numa casa alugada, moravam o casal e seus filhos. Ao mudarem dali nasceram mais dois. A família cresceu e por conta disso, as dificuldades também. A responsabilidade quase sempre de olhar os menores, recaia sobre a mais velha, que, diga-se de passagem, percebia o quanto a mãe exigia dela e sempre dizia: você é a mais velha! E assim foi, por muito tempo. O pai sempre muito carinhoso e atencioso ,era quem sempre a presenteava com livros da literatura brasileira. Cresceu gostando de livros, o que não acontecia com os demais que não demonstravam muito interesse pelos estudo. Hoje, de todos os filhos, poucos têm nível superior. Mas toda oportunidade que foi dada pra esses, foi dada para os demais. A infância foi boa, de brincadeiras na rua com os filhos dos vizinhos, numa época que não tinha internet e brincar na rua era uma feliz opção. Dado o horário, as mães gritavam para entrarem. Todos obedeciam e no outro dia era a mesma coisa, todos se reuniam para brincarem. Para isso, era preciso que as lições de casa estivessem prontas. Foram bem criados! A mais velha em sua inocência, pois ainda era uma criança, percebia na mãe, a preferência por alguns, e o pai por ela. Hoje, ela sabe sem sombras de dúvidas, que aquela concorrência não era sadia. Olhando pra trás, ela lembra das surras pois a mãe, eu creio, sem sentir, descontava nela tudo que a engasgava. A menina cresceu estudiosa e se formou muito cedo. Os paqueras começaram a aparecer e não demorou para sua mãe perceber e a demonstrar insatisfação. Pois ia encontrá-la se ela passasse alguns minutos do estipulado para voltar ela ia buscá-la deixando-a envergonhada e assim foi afastando seus pretendentes um a um. Mas ela namorou com quem quis, mesmo desobedecendo. Sua mãe é uma boa mulher, mas, por ter muitos filhos, não pode aproveitar muito a vida. O tempo foi passando, e os irmãos tornaram-se competitivos, arrogantes e fingidos. Ela costumava passar a mão na cabeça deles. Alguns casaram e a coisa só piorou, é mais gente pra fazer maldade. A filha mais velha depois de formada, não mais parou, começou a trabalhar cedo e ganhar seu dinheiro, o que deixou alguns irmãos que eram invejosos, piores. Mas, ela de personalidade forte e muito independente não ligava, mas, ficava sempre alerta. O tempo foi passando e é implacável, o pai faleceu, e dois dos seus filhos metidos a sabidos e a entendidos, começaram a procurar em seus bolsos e em contas bancárias o que ele havia deixado, inclusive, pediram a uma funcionária do banco, amiga da família, o extrato da irmã, dizendo que estavam providenciando o enterro do pai e que ela não tinha condição de ir, porque estava muito abalada e todos estavam dando uma parcela, para comprar o caixão. Tudo mentira, a irmã já tinha providenciado tudo, mesmo porque, o pai não precisava disso. A irmã foi avisada e só não tomou uma providência contra a funcionária, que diga-se de passagem, (não pode fornecer extrato de ninguém), porque sabia que ela agiu assim por amizade. Quando o irmão chegou em casa, ela sacudiu sua calça, aproveitando que ele fora tomar banho, e lá encontrou o extrato de sua conta. Um absurdo isso! Mas não parou por aí, o dinheiro deixado por ele foi utilizado para arrumar a casa que diga-se de passagem, estava precisando muito de reparos. Mas o que eles queriam de verdade era que sua mãe, não deixasse a filha na casa e não ligasse pra ela e começaram a fazer sua cabeça, o que não deu em nada. Ela havia aprendido e queria sua filha por perto. Na verdade, ela tinha queria ficar só e os demais filhos, não iam ajudá-la do jeito que a mais velha havia cuidado desde sempre. Quem ganhou com isso? As duas! Porque a filha tem a sua mãe, e a mãe, a tem perto dela. Hoje, o inferno da convivência com eles continua e nenhuma das duas nessa convivência doentia, sabe no que vai dar...

Vera Jacobina
Enviado por Vera Jacobina em 11/02/2024
Reeditado em 13/02/2024
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