(SUAS) DOCES PALAVRAS

… foi-se o tempo em que (eu) te procurava, (meu) querido. Foram-se também aquelas vontades pueris de antigamente, às quais não correspondeste como (eu) esperava. Quantas e quantas tardes procurei-te e recebi em troca míseros beijos contrafeitos, enquanto (eu) estava na verdade sedenta de ardentes manifestações de desejo, mas não. Então decidi não te querer mais, e quando dava-(me) por livre, tu (me) violentaste com promessas que nunca seriam cumpridas. Prometeste amor, (meu) querido, contudo tive apenas frias gentilezas, mentiras disfarçadas em sussurros ao pé de um ouvido solitário após uma carícia indecente. Tornei-(me) teu caso escondido, tua escrava, ou melhor, escrava de (mim) (mesma) e do (meu) amor, que regavas com sussurros excitantes, prazeres intensos e poesias fingidas. E ainda das poesias, hoje sei que cada verso era apenas a máscara de um ímpeto hormonal, um apelo carnal ofuscado para realizares teu verdadeiro intuito, pois o remorso não te permitiria mentir deliberadamente…Vou vestir-(me) e vou-(me) embora, (meu) querido.