EU...E...VOCÊ

EU...E...VOCÊ

Observando-te entrando assim, de testemunha só as paredes do quarto que falam por si só, onde outros por aqui passaram e deixaram suas marcas. As luzes já acesas em um ambiente místico, o som convidativo a uma dança. O vinho gelado posto, petiscos sobre a mesa, você linda me embriagando com olhares, nesta dança nossos corpos se cruzam.

Nos abraçamos em movimentos lentos, sinto seu cheiro como se fosse a primeira vez, nossas cabeças descansam uma sobre a outra, da rotina do dia, com um abraço mais apertado respirando com mais força deixo escapar meu desejo por você, em um gole de vinho e um sussurro em seu ouvido sinto sua pele arrepiada. Você que me tem em seus braços logo trata de retribuir meus carinhos falando de mansinho coisas que o tempo não pode apagar. Nossa história começa a ser marcada nas paredes brancas do quarto, de testemunha nosso reflexo no espelho que divide umas das paredes. Nossos braços entrelaçados num abraço que percorre todo o espaço cada vez mais apertado. Sinto uma vontade de falar quando seria melhor calar, de ficar quieto quando uma palavra teria sido a salvação, e a gente não sabia, mas deveria ter sabido.

A música, poesia que toca nossa sensibilidade em rotações por minuto, nos transporta para outros mundos, nos faz viajar por caminhos do coração, agora neste instante nossos sintomas estão sem controle, não tem mais volta, outro beijo, outro gole. Despimos os desejos por beijos sem fim, percorro seu corpo como um artesão numa mistura natural em busca da obra perfeita. Sua respiração é meu guia, outro gole do vinho, que se mistura com seu gosto.Você entre mordiscar o forro da cama e um gole de vinho, e eu descobrindo alguns dos seus segredos, você prontificada imaculada, na sinfonia dos anjos que não cantam mais na décima oitava hora, sua respiração é interrompida por uma explosão de sentimentos, você me domina com seu amor, embriagada de desejo descansa em meu corpo, observando o contorno da taça o vinho envelhecido da safra mais nobre é degustado com todo prazer.

Com arrepios suaves a música é tocada com o coração, sem perceber não consigo mais tomar outro gole, embriagado e me contorcendo quase sem fôlego, a boca chega a ficar seca a procura da sua, te puxo sedento de sede, você, na mais pura demonstração de domínio, toma um gole de vinho e começa a desenhar seus desejos em meu corpo, a tradução perfeita de todas as obras, tatuando com as pontas dos dedos o meu peito.

Descrevendo cada ponto meu em seu tato, outro gole e me beija, se embriaga de calor, agora sou eu quem te guia com minha respiração descontrolada, não tive tempo nem de pensar, todo meu corpo entregue a ti.

Nesta mistura, te embalo em meus braços, com o corpo molhado de suor me perco em pensamentos, você liberta minha mente não consigo me controlar, te puxo novamente e você me retribui com um sorriso. Outro gole de vinho o beijo é inevitável, entre carícias e juras, não somos mais dois, na união da vida comungamos da mesma hóstia, os corpos brindam a perfeição de um encontro tão inusitado, em nome da fé e da chama que alimenta os loucos lhe desejo como nunca, e no dia em que não mais ardemos de tesão muitos outros morreram de frio; em nome Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amém.

Vozinho

Vozinho
Enviado por Vozinho em 15/02/2008
Reeditado em 04/03/2008
Código do texto: T860242
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