MEMÓRIAS DE UM ADOLESCENTE EM CRISE [cap.1]

Capitulo 1 - Uma amizade vale muito mais

Rádio: - Bom Dia. São 7:10 da manhã e uma leve brisa deixa a cidade de Sunsville um pouco mais fria nesta quarta de junho de 1998.

Não estava com coragem para ir á escola, mais lembrei daquela bendita prova de matemática. Não sei por que, mais quando você não quer ir para escola, tem sempre um trabalho para entregar ou uma prova para fazer, e você tem que acabar indo.

Sendo obrigado a ver aqueles mesmos rostos, e aqueles mesmos meninos chatos que te olham com uma cara feia como a qualquer momento poderia te esganar sem dó e sem piedade. São os chamados valentões, que são fáceis de serem identificados, estão sempre com uma cara de raiva ou tirando sarro de alguém, e é claro, sempre em grupinhos.

Mas o bom é que tenho amigos legais, como meu grande, fiel e leal amigo. O John!

- Oi Kim, porque esta com essa cara arrasada? Vamos, animo! Temos uma bela prova hoje, hein?

Tabom! Enchi muita a bola dele!

- Sabe o que é John, estou sem saco pra nada, não consigo me concentrar nas aulas do professor Volgord, muito menos com as provas e trabalhos há caminho. Tudo gira na minha cabeça. - Tentava explicar ao meu amigo o porquê daquela cara de desanimo.

Sim, tudo girava em minha cabeça, o professor Volgord é aquele tipo de professor que manda você ficar calado mesmo não dizendo nada.

Entreguei a prova de matemática que por sinal saiu mais horrível do que eu imaginava.

No intervalo tive uma surpresa, John se aproximou de mim dizendo:

- Sabe Kim, estou pensando em entrar para o time de basquete da escola.

- O que? – Respondi com um grito, como o John poderia querer entrar no time de basquete?

Sabe como é. O John não era aquele perfil ideal para um jogador de basquete, ele não era tão alto, era tão fino quanto um palito de dente, e com o grau de miopia que ele tinha ele iria fazer ponto pro time rival! Mas ele estava tão contente.

- Mais porque o “o que”? – Ele me perguntava ao mesmo tempo em que me cutucava.

Não sei se devia dizer a verdade, é que se ele falasse para os garotos que queria fazer parte do time, o coitado seria a chacota do ano.

- Olha John eu acho que você não é bom para isso – Pronto tinha falado.

- Você fala isso com se fosse muito experiente nessas coisas – ele me olhou com uma cara eu não esperava.

- Não! Não é isso, é que eu acho que você tem mais talento para outras coisas. – Tentei explicar o meu ponto de vista.

Ele olhou para mim e disse:

- Ok, então diga um dos meus muitos talentos?

- Bem... Olha John... Não sei... Quem sabe... Cortar Grama? – John que já estava indo em direção á sala parou e veio em minha direção.

Acho que não devia ter dito aquilo!

- Cortar grama Kim? “Me poupe”! – com raiva ele seguiu em direção a sala

Não devia ter dito aquilo!

- Espere John, não era bem isso que eu queria dizer. – Tentei alcançá-lo.

Ficamos toda a aula sem se falar. Ele havia ficado chateado comigo. Na saída ainda tentei novamente falar com ele, mas não tive chance.

Então fui para casa.

- Oi filho, como foi na escola? – Minha mãe me perguntou, já esperando a famosa resposta “foi bem”.

- Horrível mãe! - Vi ela arregalar os olhos.

Limpando o avental ela veio até mim

- Mais o que houve? Bateram em você, na escola? – Ela já veio com aqueles mimos, de como eu tivesse cinco anos.

-Não mãe, foi com o John!

-O que? O John te bateu?

-Não Mãe!

- Ah mais a mãe dele vai ouvir - Ela tirou o avental muito furiosa.

- Mãe!

- Não vou deixar isso quieto. Imaginem, bater no meu filho!

Foi ai que eu gritei:

- Mãe! Nós só discutimos, só isso!

Parecia que minha mãe estava em outro mundo, o mundo das Ultras Mães, em que o lema é defender os filhos com unhas e dentes.

- Não foi nada mãe – tentava explicar falando de boca cheia, fazendo um lanche.

- Isso passa! O John não é disso! – e ela continuou - Os pais dele são ótimas pessoas, e acho que ele puxou aos pais!

Não entendo minha mãe, há poucos minutos já ia bater ferozmente na porta da casa do John, agora o enche de elogios.

- Olha quem já voltou da escola, o panaca! – a paz tinha acabado! Danton tinha acabado de chegar da rua.

-Ah, Kim, o Danton vai começar a estudar na sua escola semana que vem.

Não! Aquilo era um pesadelo, o meu irmão, na minha escola. Era o fim!

Sai para refrescar a cabeça, não queria mais problemas, não adiantava eu ficar preocupado com meu irmão nesse momento, tinha que me focar no caso do John. Foi ai que tive uma idéia, foi como um “plim”. Voltei pra casa rapidinho, para pegar uma coisa que ia ser o fundamental para meu plano.

Após alguns minutos lá estava eu tocando a campainha da casa dos Howfords (sobrenome muito esquisito da família de John)

Ninguém atendida, mas eu insistia, insistia... E insistia...

...Até que resolvi sentar na calçada.

Depois de esperar bom tempo lá estava John na minha frente, havia chegado de algum lugar, que eu não fazia idéia.

- Hã... Oi John! – Levantei

- Oi Kim, o que esta fazendo aqui?

Naquela hora, não sabia o porquê, mas eu tremia por dentro, foi ai que então resolvi entregar, uma caixa.

A principio John ficou desconfiado mais resolveu abrir aquela caixa, não tão grande.

John Sorriu.

Naquela caixa tinha umas fotos de nós dois ainda na primeira série, e uma camisa de seu time de basquete favorito.

- John, eu quero que você saiba que o que você escolher eu vou te dá a maior força! Amigos são pra essas coisas!

Estendi a mão, ainda estava nervoso mais confiante. Ele me respondeu dando um grande aperto de mão e em seguida um abraço.

- Sabe Kim, não quero mais faze parte do time de basquete, vi que não era para mim.

Eu sorri. Estava contente pela decisão dele, estava contente por ser a decisão dele, não a minha.

Ficamos por alguns minutos dando risada daquelas fotos hilárias de quando nós éramos bem criancinhas.

Logo depois fui para casa, me tranquei em meu quarto e deitado na cama eu pude refletir sobre o que havia acontecido naquele dia. Então cheguei à conclusão do que não importa como seu amigo seja, e não importa o que ele escolher para ele, sendo uma coisa saudável e que lhe traga alegria, temos sempre que apóia-los, afinal uma amizade vale muito mais que tudo isso!

[A continuação dos próximos capitulos de "Memórias de um Adolescente em Crise" você vê em breve em formato .PDF.

Aguarde]

Samuel Ramos
Enviado por Samuel Ramos em 02/03/2008
Código do texto: T884124
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