A Face da Morte

Fazia muito frio quando ela apareceu pela primeira e, provavelmente, ultima vez diante de mim.

Com seu lindo manto vermelho-sangue, quase transparente, deixando a vista seus grandes e belos seios; seus lindos e belos cabelos, tão escuros quanto a escuridão do mais escoro dos buracos negros; seus olhos que eram tão azulados como um lápis-lazúli; sua pele tão branca quanto a neve, ou talvez ate mais. Ela era realmente uma deusa com o rosto de um anjo, em outras palavras, não se parecia nada com o que a maioria dos poetas e/ou românticos haviam a descrito.

A cada passo que ela dava em minha direção, mesmo com o sangue ainda jorrando pelo chão e a bala ainda cravada dentro do meu peito, a dor parecia lentamente desaparecer, enquanto eu ficava cada vez mais e mais perdido em seu profundo olhar.

– Julian, já deves saber quem sou e o que estou fazendo aqui, sim? – perguntou ela enquanto entrava na pequena poça de sangue que se formara em volta do meu pobre corpo caído no chão.

– Sim, sim eu sei. Por favor.... me tire logo daqui...... e me leve com você – disse enquanto tentava levantar a mão na esperança de ela me tirar logo daquele inferno.

– Claro, venha comigo agora e deixe me te levar para um lugar melhor que esse. – respondeu ela pegando em minha mão estendida e me libertando daquele terrível sofrimento .

Enquanto saiamos de mãos dadas, olhei para traz, e ali vi pela ultima vez meu corpo ensangüentado no meio daquele beco mal iluminado e fedido, mas agora nada disso importava mais, pois no momento eu estava indo para um lugar melhor, eu e minha linda amada, a morte.

Fim