O CONGRESSO

Estavam todos unidos em torno da caixa que o agente eleitoral havia trazido. Ela ainda estava fechada, todos estranharam a abertura dos portões do colégio antes da sala estar arrumada para as eleições. Neuma estava bastante confusa com tudo isso, comentando com seu amigo Paulo:

— Não entendo, Paulo. Quando abrem os portões e entramos nas seções, elas sequer têm os mesários?

— É estranho... olha, o moço vai abrir a caixa.

— E ainda trazem essa caixa...

— Espera aí, ele está abrindo.

O agente eleitoral abriu a caixa, na qual continha uma urna eleitoral. Mas não era uma urna a qual a população estava acostumada.

— Mas cadê a urna eletrônica? O que nós vamos fazer com essa urna para papéis? – retrucou Neuma.

— Calma, pessoal – gritou um homem – meu nome é César, sou o encarregado de coordenar a votação neste colégio. Nós vamos ter uma mudança no processo eleitoral: agora vocês é que irão para o Congresso Nacional.

— Como assim? – indagou Neuma – Não vamos escolher os candidatos apresentados nos programas eleitorais?

— É, não iríamos teclar os números deles nas urnas eletrônicas? – reforçou Paulo.

Finalmente, o agente decidiu explicar:

— Não, minha gente, agora alguns de vocês se prontificarão a ser candidatos e vocês mesmos vão votar e se eleger. Vocês não estavam cansados da corrupção e descaso dos políticos? Agora o governo é de vocês.

— Não entendi – sussurrou Neuma para seu amigo – é melhor nós irmos embora para não termos um voto não consciente e estragarmos o show da democracia.

A sala foi ficando vazia, aparecendo os antigos políticos que foram antes cassados.

DAVID ALVES GOMES
Enviado por DAVID ALVES GOMES em 13/04/2008
Reeditado em 13/11/2011
Código do texto: T944175
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.