Amor para a vida inteira.

Este gosto amargo desdenha do meu apurado paladar.

Volte para seu cubículo e traga um Bourgogne tinto ou Bordeaux.

Contarei a história da minha vitória sobre a vida.

- Embebes-te de vinhos caros, como a lua, macilenta, envaidecendo-se na noite gélida.

Saibas tu que não moverei meus pés calejados desta cadeira.

E tampouco desejo escutar as histórias de um bêbado charlatão.

- Não vês que estás de frente de um Deus?

Perdoarei suas palavras ásperas regozijando um bom trago de vinho.

Deixas teu fanatismo nas fisgas da porta ao teu lado.

E só retornes com meu vinho.

- Montarei o cavalo branco e não mais voltarei a este recinto.

Na noite, presente, atravessarei rios e mares para fugir de tuas palavras insensatas.

Regojize-se com meu desprezo ao que tens a me falar!

- Insolente! Não ouses mover-se deste bar.

Não antes de trazer-me um bom vinho.

- Trôpego e arrogante.

Faço um última caridade.

Tomas esta bengala e vais, com tuas pernas falhas, pegar o vinho.

Galopando durante horas, Sarcoley, refugia-se no alcoice do deserto.

Agarra a primeira Chininha que passa e a leva pro quarto.

5 minutos depois, satisfeito, acende o último cigarro.

Mal sabia ele que o trôpego, Jéveux, aproximava-se velozmente.

- Neste leito, torno-me o último a apreciar o doce sabor de teus lábios.

Estes lençois, branco-gelo, inundados de sangue, serão tuas últimas vestes.

Morrer! Este é o teu destino. Morrer!

Neste momento, Jéveux Guinevere, adentra pela porta imunda.

Vê o esganiçado trovador, Sarcoley, com a boca ensanguentada.

Em sua mão esquerda um punhal de época.

Na direita o coração, ainda pulsante, daquela jovem menina.

- Se não posso ter teu respeito, Jéveux, então tiro aquilo que tu tens mais apreço.

A tua doce filha.

- Minha filha, tua mulher, está morta, Sarcoley, viste o enterro dela.

Acabas de matar uma prostitua qualquer, inocente.

Talvez uma mãe de família.

És uma pessoa doidivanas.

Não mereces meu apreço.

- Morrer! Este é teu destino, Jéveux. Morrer!

Ensanguentado, Sarcoley, saí a cavalgar.

Com os corações da chininha e do velho Jéveux em sua bolsa.