CÃO
Olhava para a porta, na esperança de que ela se abrisse. Estava tão cansado e faminto, que acabou adormecendo, e, sonhando.
Sonhou com os tempos em era feliz, em que tinha alguém que cuidava-lhe, dava-lhe carinho.
Nos dias frios, se aquecia em frente a lareira, enquanto ela sentada em sua cadeira de balanço tricotava; nos dias quentes adorava correr atrás das borboletas em meio ao girassóis do jardim.
Suas refeições eram saborosas, quentinhas, servidas com muito amor; para beber, água fresquinha.
Cão levava uma vida feliz ao lado de sua dona, a senhora Conelly, uma simpática velhinha. Infelizmente eles possuíam um inimigo cruel, que os castigava sutilmente, o tempo.
Os dias passavam e a senhora Conelly sentia-se mais e mais cansada, levantava-se da cama apenas para dar comida à Cão, e depois voltava a deitar.
A casa em que viviam já não possuía mais o cheirinho de biscoitos assados, café coado, assoalho encerado.
Lá fora, os girassóis estavam ficando secos por falta de cuidados, e as roupas perfumadas não coloriam mais o varal.
Cão estava triste, queria que tudo fosse como antes, mas infelizmente aqueles dias não iriam voltar.
Certo dia a senhora Conelly não levantou; lá fora a chuva caía, Cão deitado na varanda, em meio a folhas secas trazidas pelo vento, olhava para a porta na esperança de ela se abrisse, sem saber que a senhora Conelly jazia em seu leito.
Cão estava sozinho.