Eu ando bem

Eu ando bem. Sozinha, como sempre, mas muito bem. E isso é em parte a razão de eu estar vindo pouco até aqui, nunca escrevo nada que valha a pena ser lido quando estou bem. No meu peito nada de desamores, ilusões ou magoas. Eu ando bem. E pensei que de uma vez por todas eu tinha conseguido, estava com o coração vazio. Mas eu te vi sábado e percebi que estava muito enganada. Meu coração está cheio e é de saudade de você. E é perfeitamente normal ter saudade do carinho que você me dava; do cheiro bom que você tinha; da sua vontade de querer parecer mais maduro e vivido que eu; da alegria que um beijo seu me trazia; das suas tentativas, fracassadas, de mostrar pra mim que eu não era tudo pra você; da sua voz macia e tranqüila; de você. Quanta saudade eu tenho de olhar pra você sorrindo e dizer “você não sabe mentir”, por que depois você sempre acabava concordando comigo e me calando com um beijo. Tenho saudade de milhares de coisas, e todas essas coisas se referem em uma única coisa sua, que é de que eu tenho mais saudade: você me aceitava e me adorava do jeito que eu sou, intensa. Mesmo com esse jeitão tranqüilo e leve que você tem. Você me adorava louca e inconseqüente e me pedia que eu fosse sempre assim. E seguimos assim, atraídos pelos nossos opostos. Mas acabou, e eu mais uma vez fiquei sozinha. Acabou por que você se deu conta que o precisava mesmo era um colo e um amor tranqüilo, e não alguém que te fizesse viver de verdade. Mas eu não te culpo, e embora eu queira muito eu não te peço pra voltar. Você está muito melhor sem mim e isso me basta. E o suposto amor que eu sentia por você dia desses acabou, foi embora pra dar lugar a um sentimento livre de egoísmo. Em sentimento gostoso, tranqüilo, de longe. Leve. O nome dele é saudade.

Denyse Barrêto
Enviado por Denyse Barrêto em 21/05/2008
Reeditado em 28/03/2011
Código do texto: T999005