A Taça

- Gostaria que fossem diamantes.

Foi o que ele disse, segurando a taça recheada de amendoins em direção a bela mulher a sua frente. Ficara deslumbrado com ela desde o momento que a vira, alguns minutos antes, entrar pelo salão. Seu aspecto era algo entre encantador e fascinante.

Apaixonaram-se. Por sua vez, a paixão trouxe os desentendimentos.

O tempo passou, os dois se casaram. As brigas eram constantes. Tiveram filhos, os filhos lhes deram netos. As brigas continuaram. Certa noite, poucos minutos depois da última discussão e da última decisão em conjunto, o divórcio, ele se aproximou dela com uma taça nas mãos. A taça estava cheia de diamantes. Olhou em seus olhos. Procurou ali algum resquício daquela noite; um perfume, um leve movimento de vestido, algum resto de sorriso, uma sobra qualquer.

Impossível.

Por fim, segurando a taça recheada de diamantes em direção a mulher a sua frente, disse com uma voz coberta de nostalgia e arrependimento;

- Gostaria que fossem amendoins.