MULHERES DE 30 DO ÍNICIO DO SÉCULO XXI

Finalmente!!!! Depois de alguns dias, que bem podem ter sido meses, ela se viu liberta de qualquer necessidade de ter alguém, dessa obrigação de ter; se viu livre do medo de ficar e se sentir sozinha.

Não, meus caros. Não pensem que ela desencalhou, como costumava dizer em alguma época passada. Sim. Ela continua encalhada. Afinal, nenhum homem do início do século 21, aparentemente, está preparado para uma mulher de 30 anos do inicio do século 21. Eles não estão preparados para uma mulher de 30 anos “bem resolvida”, “independente”, “de atitude”, “senhora e dona das suas vontades”. Não, eles não estão!

Mas ao mesmo tempo, há uma falta de comunicação, ou percepção, ainda não descobri ao certo o que é. Perceberam as aspas (“ “) nos adjetivos do parágrafo anterior? Pois bem, mulheres do século 21, vocês são o resultada da fecundação histórica mundial: movimento hippie, ditadura militar, desaparecidos políticos, Che Guevara, Led Zeppelin, Janis Joplin, Woodstock, maconha, Disco Music, Studios 54, entre outros tantos momentos e fatos marcantes, mas para ficar melhor ainda o contexto, não podemos deixar de citar “o” Movimento Feminista!

“Maldita seja a mulher que resolveu queimar o sutiã em praça pública nos anos 70 e malditas sejam todas as outras que aceitaram isso como forma de protesto ao poderio masculino!” Hoje, as mulheres de 30 do início do século 21 pensam dessa maneira. “Queriam protestar contra os homens? Fizessem greve de sexo que ficava tudo certo, pô!”

Enfim, quando aquelas mulheres foram ás ruas mostrar o peito com palavras de ordem estampadas no tórax, com seus sutiãs em chamas, se esqueceram de um pequeno, quase imperceptível detalhe, que prejudicaria (será que que é um verbo um pouco forte?) principalmente suas filhas, as mulheres de 30 do início do século 21: elas continuariam sendo mulheres! Isso quer dizer que, protestos, direitos iguais, perfeito, mas a mulher é única, tem uma essência, uma paixão, um sentimentalismo que realmente não combina com o que elas planejavam. Hoje, início do século 21, as mulheres continuam ganhando menos em seus empregos e ganharam mais funções: mãe, doméstica, excelente profissional, economista e muita vezes, ainda tem que matar baratas. Parabéns Feministas dos anos 70!!!!! As mulheres de 30 do início do século 21 agradecem muitíssimo!

Sendo assim, quando foi dito no início que as mulheres do início do século 21 são bem resolvidas... Balela!!!! São nada! Que elas sabem o que querem e correm atrás disso.... Mentira deslavada!!!! Só Deus e a melhor amiga sabem o tormento que é chegar até uma decisão daquilo que foi proposto decidir.

Se as mulheres de 30 anos do início do século 21 são independentes, por que motivo mesmo todas reclamam de estarem sozinhas e procuram por alguém desesperadamente? E muitas vezes aceitam o que aparecem, mesmo que não seja o mínimo do que foi desejado a vida inteira. Atitude? De novo, se não for a melhor amiga, amigos gays, pai, mãe, chefe, colega de trabalho, manicure, ginecologista, psicólogo, avó, para apoiarem qualquer protótipo de decisão... Esquece! A atitude fica somente na vontade.

Senhora e dona de suas vontades?! Como assim?! Imagine a situação: uma mulher sai para comprar um sapato preto que está querendo muito há 2 dias. Acabou de ser lançado na nova coleção. A sua vida, a sua felicidade dependem da aquisição desse sapato. No caminho, encontra uma prima chata e gorda que não via há muito tempo, duas semanas, que a convence de ir visitar a avó e ouvi-la reclamar da artrite, pois é muito melhor do que gastar dinheiro com um sapatinho qualquer. Depois de dez minutos de conversa, ela esquece do sapato e vai ficar com avó, e ainda fica convencida de que o sapato não lhe ficaria nada bem. (quem não tem uma prima assim?)

Onde está a falta de comunicação, ou melhor, percepção na relação homem x mulher no início do século 21? Foi mostrado aos homens a revolução feminina. Eles acreditaram. Foi mostrado às mulheres a revolução feminina e elas acharam que poderia dar certo. As mulheres estão dando evidências de que não são tão revolucionárias assim. Os homens continuam acreditando na revolução feminina!

As mulheres não entendiam, e talvez ainda não entendem, que para homem não significa não e sim significa sim. Não existe o talvez ou o não com significado de sim. Por isso que eles ainda acreditam que a revolução existe, afinal as mulheres insistem em falar não, querendo dizer sim.

Se isso tudo não for falta de comunicação/percepção, não sei o que pode ser!

Isso tudo somente para elucidar o drama da personagem central. Coitada. 29 anos, solteira, super a favor da revolução feminina (sem ser radical, claro). Na sua ingênua cabeça é possível ser capaz de: ser mulher, amante, mãe, vagabunda, amiga, Amélia, independente..., tudo ao mesmo tempo. (Sim, realmente ela acha isso! Eu disse que era uma coitada, não disse?).

Como dito no início, ela se viu liberta dessa necessidade (estranha) de ter alguém. Por que isso seria tão importante para uma pessoa, não é verdade?

Ligou para sua melhor amiga (sempre tem a melhor amiga na história) e disse que foram necessários um final de semana em depressão profunda, uma liquidação, 03 vestidos, 02 calças, 01 bata e muito doce, para ela acordar para a vida e sair da luz. Finalmente! Ela viu a luz, se atreveu a entrar, entrou, não gostou e tempos depois, desistiu. Voltou. Conclusão: a luz é muito chata!

Na mesma ligação para a amiga contou de um caso antigo que está fazendo joguinho de adolescente com ela e que estava adorando isso. Contou também de um homem casado, até interessante, 11 anos mais velho, que lhe diz obscenidades e que também estava adorando. O seu ego estava nas alturas e realmente estava se sentindo “a” gostosa, o último biscoito de doce de leite do pacote.

Outro final de semana chega, ela resolveu sair com outra amiga e com o amigo da amiga, que já conhecia. Nada de novidade. O amigo da amiga está na depressão por causa do término do namoro. Ela já tinha até mesmo, em outras ocasiões dado conselhos amorosos. Podiam ser considerados mais que colegas e menos que amigos.

Foram a um bar de rock, gosto comum dos três. Boa música, boa banda, e cerveja gelada. Perfeito! Foram risadas, piadas, mais cerveja, até que ela começou a investir, discretamente, no rapaz. Como boa samaritana que é, queria que ele se livrasse do fantasma da ex namorada (ela realmente é uma pessoa de bom coração, não!?) Ela percebeu que nada iria acontecer e desistiu. Ficou, então ligada na música. Afinal a banda tocando era Queen cover! Muito bom.

Apareceu um cidadão na história e começou a conversar com a amiga. O amigo, como todo bom amigo que é, ficou puto da vida e queria encontrar uma forma de despistar o sujeito dali. A nossa heroína da história, sabendo que a amiga está precisada de conhecer pessoas novas e percebendo as intenções do amigo, pegou-o pelo braço e disse:

- “Deixe de ser um amigo ciumento!”

Levou-o até a pista para curtir ainda mais a música. Neste momento, ela garante que já não tinha mais intenção alguma em cima dele.

Ficaram os dois encostados na caixa de som, vendo a performance do Freddy Mercury tupiniquin. Ficaram um bom tempo assim. Até que ele deitou sua cabeça no ombro dela. Ela achou que ele estava tendo algum flashback da ex namorada e teve a certeza de que teria que agüentar o cidadão falando dela, especialmente por conta da quantidade de cerveja que já havia tomado, o assunto seria o quanto ela era boa para ele, de como formavam um casal feliz, essas coisas. Ela estava completamente preparada para isso.

Para sua surpresa, ele levantou a cabeça, olhou para ela e a beijou!!!

Era exatamente o que ela queria: ser beijada por ele!

A única coisa que ela não queria e nem imaginava que pudesse acontecer, é que fosse bom demais. Foi bom demais!!! Ela não queria parar de beijar o cara.

Terminou a noite. Ainda de mãos dadas, ela resolveu ir embora á dormir na casa da amiga. Estava super feliz. Sua felicidade passou quando lembrou que ele nem pediu o número de seu telefone.

- “Ahhhh, tudo bem! Ele gosta ainda da ex. Eu só fui a válvula que o faz acordar ara o mundo que ainda existe. Fiz uma boa ação.”

Passaram dois dias desde o beijo. E ela ainda não se convenceu da suas próprias palavras, embora as reforce cada vez que pensa nele. “ Sou uma boa samaritana. Tento fazer o bem para as pessoas, fazer com que elas se sintam bem e quero que ele esteja bem sempre. Só isso!! Eu não vou voltar para a luz!!!!” Essas são suas palavras de ordem agora!

Agora ela está num conflito interno de toda, ou melhor, da maioria das mulheres de 30 do início do século 21, ela está com a sensação de que o rapaz não quer vê-la e sem entender uma vírgula do porquê ela não pára de pensar nele.

“Senhora e dona de suas vontades”... essa é muito boa!!!

Por Eu, mais uma mulher de 30 do início do século XXI