Remédio descontrolado

Dona Flora já não sabia o que dizer ao marido, escondia as estranhas ações do filho que já eram percebidas a mais de seis meses.

Sr. Olavo era o marido, técnico em eletricidade, saía às 6:00 da manhã e só voltava para a casa quando era tarde da noite.

O filho se chamava Alex, um garoto de dezesseis anos, com alguns problemas, algumas brigas na escola, introspecção, atitudes estranhas, como crueldade com animais (vivia matando gatos e cachorros envenenados ou queimava pássaros vivos); alem de sofrer de um distúrbio emocional controlado com fortes remédios que um médico psiquiatra receitava nas constantes consultas.

Enquanto Alex tomava os remédios, não causava problema, pois não usava drogas e também não bebia, pois a bebida, quando misturada ao remédio, fazia com que ele dormisse por várias horas e acordasse todo quebrado.

Dona Flora conferia todos os dias a cartela do remédio, e tratava de levar o comprimido para Alex ainda no quarto, logo cedo com um copo de leite, e Alex colocava na boca e tomava o leite.

Sr. Olavo perguntava sobre o estado do filho, como ele estava e se estava tendo progressos; e Dona Flora sempre respondia:

_Está ótimo agora, mudou totalmente, a agressividade dele praticamente desapareceu.

Porém, Dona Flora, via que Alex estava se tornando um rapaz muito tímido, pois não conversava com ninguém, vivia calado, entrando e saindo de casa, como se ali não vivessem outras pessoas. Ele vestia sempre uma espécie de capa, um sobretudo preto, mesmo no calor, ele saía com aquela roupa estilo Matrix.

"Coisa de filmes...", a mãe pensava.

Alex pegava o dinheiro da mesada e saía, voltava sempre "duro" e pedia mais dinheiro para a mãe, que era uma famosa costureira e ganhava bastante dinheiro fazendo réplicas de roupas famosas para as patricinhas da cidade.

Certo dia, Alex, como sempre levantou às 10:00 da manhã, com aquela capa preta, um par de botas militares nos pés, era sábado e a casa de Dona Flora estava cheia de garotas experimentando vestidos para uma festa.

Alex parou em frente a mãe, abriu o sobretudo e sacou duas pistolas semi-automáticas e começou a disparar incessantemente, descarregando as armas e matando a mãe e mais quatro garotas de sua idade, mais ou menos, uma delas, mesmo gravemente ferida conseguiu fingir estar morta e sobreviveu.

Os vizinhos ouviram os tiros e ficaram olhando de longe, na rua, nisso Alex tirou uma carabina puma cal. 38 de dentro da roupa e foi para a rua, e como a arma proporciona um longo alcançe dos tiros, começou a disparar contra os vizinhos.

Alex estava mesmo treinado, pois de nove tiros que desferiu, errou apenas um e matou pelo menos sete vizinhos que tentavam fugir dos tiros, quando ele olhou para trás, percebeu que a polícia chegava e mostrou que guardou a grande surpresa para o final.

A polícia parou duas viaturas, sacaram as armas, tomaram posições e falaram no rádio:

_ Mãos para o alto, renda-se ou atiraremos.

Alex levantou uma mão, mas com a outra ele sacou uma metralhadora de uso exclusivo do exército e começou a disparar contra a polícia; as balas atravessavam a lataria dos carros como se fossem de papel e os policiais sofreram desvantagem quanto ao poder de fogo, sendo que depois de verem dois mortos, outros quatro bateram em retirada e chamaram reforços.

Quando viu que já não tinha mais jeito, que seria morto ou capturado, Alex enfiou a mão no bolso, apertou uma granada em uma das mãos e com a outra retirou o pino, juntou o artefato ao peito e soltou a alavanca, tendo o corpo despedaçado.

Depois do sangrento episódio, a polícia civil foi periciar o quarto de Alex, e encontraram uma caixa de madeira com farta munição privativa do exército, livros sobre armaria, uma submetralhadora israelense e mais de setenta comprimidos jogados debaixo da cama, que provavelmente, eram cuspidos por Alex, depois que a mãe saía do quarto.

Não deixou um bilhete, não deixou nada escrito, não demonstrava amor ou ódio, apenas saiu um dia e matou quem viu pela frente, deixando vivo apenas o pai, que hoje é um homem cheio de problemas psicológicos.

BORGHA
Enviado por BORGHA em 25/07/2008
Reeditado em 25/07/2008
Código do texto: T1096692
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