O Rio

O velho rio com suas curvas já havia presenciado muitas cenas como aquela, mesmo assim estranhou. Já era tarde, muito tarde; há muito a noite estava presente. O grupo de jovens caminhava seguindo o curso da água, todos procurando a mesma coisa, faziam isso diariamente. O vento parecia não tocá-los, as outras pessoas que, raramente os encontravam, mal davam por eles. Percorriam as ruas da antiga metrópole, cantarolando. Às vezes paravam e fitavam demoradamente alguma coisa que os chamassem a atenção. Às vezes simplesmente paravam por alguns minutos, talvez esperando por alguém ou por alguma coisa, como o orvalho de uma noite de chuvas anseia pelo carinho dos primeiros raios de sol. O objetivo da busca parecia ser o menos interessante, mal falavam sobre isso. Alguns até declamavam partes daquele velho poema sobre Ítaca “Quando você partir, em direção a Ítaca, que sua jornada seja longa, repleta de aventuras, plena de conhecimento” outros respondiam “Não espere que ítaca lhe dê mais riquezas. Ítaca já lhe deu uma bela viagem; sem Ítaca, você jamais teria partido. Ela já lhe deu tudo, e nada mais pode lhe dar.” Faziam tudo isso enquanto o tempo os observava, o tempo, sempre curto e instantâneo, parecia cúmplice dos rapazes. O velho rio não sabia, mas ali existia um pacto.