Entre velas e as lágrimas

Os carros que cortam uma grande avenida. Pessoas, muitas pessoas. Correm também. O sol do meio dia racha as cabeças que ainda insistem em andar pelo centro da metrópole. Ela se apressa para encontrar a igreja ainda aberta. Seu coração está partido, aos pedaços, ela precisa de apenas um consolo. Ela corre, corre tanto, esbarrando nas pessoas, mas é em vão.

Chega ao portão principal a porta da igreja, que se fecha. Com a dor ainda mais aguda em seu coração, ela se agarra ao portão da igreja e desaba em lágrimas, não acreditando que o seu destino será a dor ainda. Suas lágrimas caem, seus soluços agudos pertencente ao corte feito em seu coração, aumentam fortemente e sua dor é tamanha pelo triste fim de um amor, por ela ter acreditado e entregado.

Do lado, da porta da igreja um vendedor de imagens e velas, do outro um santo de devoção popular, a cidade ainda corre como uma bomba relógio, o sol queima mais ainda, a menina ainda chora.

Tirando uns trocados do bolso, com a mão ainda tremula, ela entrega o dinheiro ao vendedor e pede uma vela. Seu olhar baixo e sem expressão, nada comove o vendedor que apenas pensa no lucro. As poucas moedas que ainda sobraram, ela entrega a uma mendiga que fica na entrada da igreja.

De frente o santo de devoção popular ela entrega a sua vida e sua mágoa profunda e doentia. Sua cabeça roda, ela está preste a explodir, mas ainda consegue fazer uma prece, em meio às lágrimas profundas de um sentir que dilacera a sua carne. Ela insiste em ainda lembra-se de todas as palavras ditas a ela, em meio à madrugada. Há três dias não consegue dormir e agora não se acha mais digna da vida. A moça menina sofre e chora mais, ninguém se compadecem dela, nem ela mesma.

Pede ao Santo, mesmo não tendo mais fé, ela pede que sua aflição acabe logo, pois o seu coração cada dia que passar de despedaça e seus fragmentos estão se explanando por seu pequeno corpo. Ela implora que tudo tenha sido um engano e que ele ainda a ame.

Ela reza, suplica, implora, roga, esbraveja a intensa dor do seu coração. Mais lágrimas, tantas lágrimas, lágrimas.

Acredita que nunca parará de sangrar esse coração da moça menina. Ela acende a vela, ainda tremula, faz suas orações e entrega sua dor a Jesus, que ela ampare o seu coração partido. A musica vem a sua cabeça. Uma milonga insuportável que a consola por instantes.

Faz o sinal da cruz e parte para o seu destino. A sua vida insiste em continuar. Trabalho, estudo, casa, o mundo ainda persiste em sua vida. Nos meio do caminho suas lágrimas insistem em cair, o vento seco as espalha em seu infantil e doce rosto, que agora expressam feições de uma mulher de 25 anos, que desistira de acreditar no amor.

Os poucos amigos que a consolaram, cuidam dela. Pois as lembranças ainda são fortes. Vida corrida leva a moça-menina, que agora re-costura o coração destruído por aquele que ela julgava ser o homem de sua vida, mas que na realidade nunca a amou de verdade.

Entre velas e lágrimas, sua vida insiste em continuar... a espera do milagre da volta de seu amado.

* Qualquer semelhança com caso de vida real, NÃO é mera coincidência.

Samara Lopes
Enviado por Samara Lopes em 01/09/2008
Código do texto: T1156199
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