OLHANDO A VIDA PELA JANELA

Olho pela janela, a vida sendo vivida alheia em meus pensamentos.

Transeuntes, num vai e vem frenético, em seus rostos expressões que tento descobrir, desvendar.

Uns, com semblantes preocupados. Tentando disfarçar seus medos, anseios. Sonham com futuros melhores, decepcionam com o dia a dia.

Cada rosto, um enigma a desvendar.

Uns, com dívidas, feitas as pressas, através de emprestimos mirabolantes. Para suas casas comprar e fugirem do altíssimo aluguel e suas taxas sem medidas. Outros, com seus conflitos familiares de fáceis soluções. Não conseguem enxergar. Basta, só se entenderem.

Que o amor é a solução. Assim, passam-se as horas.

Uns, para lá e para cá. Às vezes, a se cumprimentarem. Outras vezes, nem percebem quem está a seu lado, intertidos com seus pensamentos, seus problemas. Não percebem, um sorriso, que lhe é dirigido, de alguém simples, a distribuir:

__ Bom dia!

__ Boa tarde!

__ Bom fim de semana!

Ou simplesmente um:

__ OLÁ!

Mergulhados em seus mundos financeiros, doenças ou simplesmente, consumir mais do que realmente precisam.

De repente passa uma criança sorrindo:

_ Bom dia Senhor João. Como vai?

Desprendo-me dos rostos anônimos, sorrindo respondo:

_ Tudo bem, sim, Maria. Como vão todos da familia?

Sorridente, alegre, responde, que sim e vai a padaria, comprar algumas encomendas para sua mãe.

Novamente, volto a observar, os rostos anônimos dos transeuntes. Continuam a desfilar, por minha janela, a intrigar-me.

São como livros, a serem lidos. Línguas, a serem traduzidas, para serem entendidos. Gritos anônimos, escondidos, pedindo socorro.

Num mundo diferente, não complacente, com o que condiz.

Seres humanos enjaulados, dentro de si, implorando ajuda, sem o permitir.

Vidas puras, simples vidas, a serem vividas. Momentos, instantes, que se vão sem piedade. Se pararem, prestarem atenção, serão felizes.

Com a beleza da flor, ao se abrir. O som do cantar dos pássaros. O calor do sol, a brisa suave, em seus rostos.

Obarulho da chuva, no telhado. O balançar das árvores, ao sabor do vento.

Prestar atenção, ao som encantador, da mãe natureza. A cantar, embalar. Suavizando, o corre, corre da vida urbana. Uma selva de pedra.

Se permitissem, somente alguns segundos, esta observação, se sentiriam, mais felizes.

Esquecendo de seus mundos, oriundos. Onde, se aprisionam, sem perceber, a beleza divina, que acalma, acalenta a alma.

__ Bom. E eu?

Em minha janela, fico a observar. Desvendar mistérios. Passar para o papel, o sentimento, o sentido da vida.

Tranformando, em contos diários, para meus leitores.