A amiga de todas as horas
Próximo aos pessegueiros em flor que emolduravam a varanda da casa grande,havia um pomar com árvores frutíferas, cujos troncos erguiam-se orgulhosos para o céu azul, exibindo seus galhos , frutos e flores. Neste cenário paradisíaco uma garota agitada, olhos ternos, sorriso matreiro, jeito simples, às vezes rude, subia em uma árvore, menor, que havia nascido naturalmente à sombra de uma gigantesca mangueira e na ponta dos ramos, pulava livremente para os galhos da árvore maior. Às vezes o vento soprava forte e tornava a cena arrepiante.
Ela ria e continuava seu balé, pelos galhos.
Era bonito de se ver.
Desabrochava uma linda adolescente, com seus objetivos próprios e bem definidos. Inteligente e fiel era companheira leal e constante, que por diversas vezes trocou seus programas de festa para não deixar-me sozinha. Agradeço-lhe por isto.
Gostava muito de organizar seu ambiente e prezava
a elegância e a discrição.
Mesmo com o passar dos anos, continuava visitando as árvores, suas amigas, que é bem possível, sentiam falta dela.
No entardecer da minha existência, sinto o passado mais próximo. O cheiro do mato, o vento no rosto, a garota voando pelos galhos e a paz que existia invade o meu ser. Parece que foi ontem. Vejo detalhes.
Gostaria ainda de viver neste espaço verde sem as agruras da cidade grande e perto das pessoas que amo.