Fim

Em uma bela manhã de sol, ele partiu, indo em busca do olhar perdido em um passado de amargura e ressentimento. Saiu como quem vai até à esquina, comprar um jornal, tomar um café... Não falou já volto, nem até breve.

Passado o primeiro dia, pensei que se perdera. Passado o segundo dia, aguardei que me telefonasse. No terceiro dia, acordei. Não chorei. As lágrimas, aprendi faz muito tempo, não lavam as mágoas. Senti saudade, mas aprendi também, que o tempo cicatriza todas as feridas.

Não sei se perdoei. Não penso nisso. Disso também o tempo há de se encarregar. Enquanto espero, caminho em frente, sem pressa de coisa alguma.

O amor vem e vai. Não o procuro, tampouco fujo dele. Vem no tempo certo e vai pelas mais diferentes razões. Depende de como é cultivado, dos cuidados que se dá a ele, da vontade de mantê-lo ou de partir em busca de novas facetas.

Procuro colorir meus dias com alegria, perfumes suaves, vindos do prazer de viver, independendo de quem esteja comigo, ou ausente.

Não busco a felicidade fora de mim, não quero moldar-me a ninguém, nem tomar ninguém como refém de meus sentimentos.

A idade madura chega lenta, mas irremediavelmente e, com ela, certa sabedoria. Paciência, tolerância, ponderação passam a ocupar mais espaço, onde antes havia pressa, imediatismo, paixão.

Dele, nada mais soube. Talvez tenha encontrado o olhar perdido, um novo amor que o tenha resgatado das mágoas e ressentimentos do passado, ou quem sabe, alguém do passado que tenha lhe devolvido os sonhos possíveis, esquecidos em alguma gaveta secreta. (03/11/2008)