Os dois (Revisado)

Ele saiu, de uma forma tão simples, que nem se sabia o que devidamente ele procurava. Nem sabia se era amor, aventura, paixão, desavença, mas ele estava lá na sua forma mais simples: o aprendiz. Ele passou por mim, olhou-me intensamente dizendo que eu deveria passar sua história para as letras, mesmo sem eu saber o que significaria toda aquela dramatização inesperada na minha frente. Ela passa em sua bicicleta austera, sem esperar que nada aconteça na sua simplicidade de comprar qualquer coisa. 10 metros, 9 metros, 8 metros... Ele a vê. Ela sente que, de repente, todas as suas atenções foram mudadas, modificadas, por um ser que jamais ela o teria visto. 7 metros, 6 metros, 5 metros... Ele a olha perpetuando a nova atitude. Ambos se interessavam por aquela situação inesperada, pois nunca acontecera algo do tipo na vida daqueles jovens, surpresos e inexperientes! 4 metros, 3 metros, 2 metros... Ela pensava em tudo antes de passar na frente dele. “O que será que eu farei?” - pensava a nossa menina cada vez mais próxima da nova sensação a experimentar. Pensava em mudar de vida, pensava que tinha achado o novo caso amoroso que ela tanto procurava a cerca destes anos passados, tudo, pensava a nossa querida jovem cada vez mais perto do seu alvo. 1 metro, zero... Ela passa. Ele a olha de uma forma simples e nova. Ela, apenas, passa não retribuindo nada além disso... Apenas a honra de passar por ele, e só! 1 metro, 2 metros, 3 metros, 4 metros... Ela olha pra trás, como se estivesse perdido algo, mas olha fortemente para ele perceber que foi por medo que ela não retribuiu a forma simples e nova que ele a recebeu quando passou por ela. Ele sim notou avidamente o interesse dela e se perpetuou em olhar para o seu alvo, como um caçador acha sua melhor caça dentre tempos na procura. “O que fazer?” – pensava nosso jovem quando ela voltasse a passar na sua frente. Mas ele continuara perpetuando seu olhar, num infinito distante, naquela jovem que passara por ele. 5 metros, 6 metros, 8 metros, 11 metros, 15 metros, um quarteirão... Ela tinha parado para fazer o que tinha que fazer antes do acontecido. A forma tão notável de interesse se contradizia quando se via um em cada quarteirão. Eles se olhavam, mas não tinha aquela força maior de juntá-los, e a cada segundo que passava, mais avassalador era o sentimento que os guiavam. Os principais objetivos de estarem naqueles lugares já nem faziam a menor valia, os seus principais interesses eram continuar ali. Se a eternidade se perpetuasse naquele momento, eles, estariam felizes, nunca se tocaram, nunca se sentiram, mas se interessavam uns pelos outros de uma forma tão forte que se mudasse as posições continuaria daquela mesma forma. 1 minuto, 2 minutos, 3 minutos, 4,5,6,7,8,9,10... E eu ali, como um curioso observando aquela cena repleta de sentimento, mesmo que indecifrável, ininteligível, mas seria eu que continuaria essa história! Ela pega sua bicicleta, agora domável, e volta, esperando o que viria a acontecer. Um quarteirão, 20 metros, 19 metros... Ela estava agora de cabeça baixa, depois da curiosidade de ter conhecido a sua nova emoção, nova e extravagante que estava mudando o ritmo de sua monótona vida de cidadã. Dentre tantos sentimentos antes vividos por ela, esse era irreal, em meio de um mundo tão insensível. Como uma loucura dessas poderia acontecer? Mas ela seguia com medo, paixão e raiva do que poderia acontecer. 18 metros, 17 metros, 15 metros, 11 metros, 6 metros... A sua velocidade crescia paralelamente com a sua vontade de encontra-lo, de vê-lo, mesmo sabendo que era incerto o que os esperavam. Ele, ansiosamente, esperava ela passar, que, talvez, ela parasse a sua bicicleta agora domável e perguntasse o seu nome. Mas o medo existente nos dois, de que fosse uma coisa só deles, de cada um exclusivamente, os tornavam separados, mesmo que o sentimento fosse o mesmo, mas o medo, agora, os tornavam passivos a mudanças. O tempo foi passando e cada vez mais ela se aproximava. Certas vezes olhando para baixo e pedalando sua bicicleta de medos. E ele continuara a olhar a sua jovem, sua inesperada jovem, que agora ela já teria aberto suas correntes para ele adentrar em sua vida. Agora, ele que teria que fazer algo, pois era notável a barreira imposta por ela, mas a parte mais difícil foi conquistada: sua confiança, pois toda a austeridade anterior tinha sido passada. 5 metros, 4 metros, 3 metros, 2 metros, 1 metro... Agora seria a hora deles: sim ou não; verdade ou conseqüência; ir ou parar; continuar ou refazer! Ela pensava mais em nada, nem ele, pois as coisas aconteceriam. Ela passa na sua frente. Ele a olha. Ela nem retribui novamente. Ele continua a olhar. Mas ela só se vira algumas vezes para ver o que perdeu... Não se sabe se ela tinha outra pessoa em sua vida, ou o medo inerente à pessoa daquela jovem se perpetua em toda sua história, mas ela sentiu-se culpada por não tentar! Ele até que fez por onde... Mas certas coisas são tão fúteis em nossas vidas insensíveis que parece ser mentira ou falsificação de sonhos, acontecimentos como esses. Mas, novamente, passou esse fato tão único! As pessoas não se importam em se perpetuar em amor mais... De repente foi amor, talvez tenha sido amor novo, simples e completo...

iuRy
Enviado por iuRy em 30/03/2006
Reeditado em 21/05/2006
Código do texto: T130831