Amarelinha

Quando eu era pequeno achava tudo longe, tudo muito grande! O mundo é muito grande quando somos pequenos e ainda temos pernas curtas… Mas enquanto crescemos sem ficar parados, os passos vão se abrindo, os pulmões vão se expandindo, o coração evoluindo e as distâncias vão diminuindo!

O mundo pode até ficar pequeno quando a gente vira “gente grande…” É só reparar como às vezes pessoas mais vividas encontram alguém conhecido em algum lugar que nunca imaginaram encontrar e dizem: “Nossa, como esse mundo é pequeno”!

Quando é criança e a gente brinca se movimentando, sem perceber, se divertindo vai também se condicionando fisicamente e se tornando atleta desde cedo, de uma forma natural: seja jogando futebol, vôlei ou queimado, pulando corda, ”carniça” ou amarelinha, correndo no pique-tá, no pique-bandeira, andando de bicicleta… E em tantas outras brincadeiras, mesmo sem ter muita noção dessas coisas, sem se preocupar com isso, a gente nem vê que é ali (ou lá!) na infância que já se começa uma vida esportiva.

Quase ninguém pára pra pensar que quando está com mais ou menos fôlego é porque, provavelmente, está treinando, ou melhor, brincando menos! Desse modo, crescendo e sempre brincando, é que surge um grande atleta!

Então correr nas Olimpíadas um revezamento de 4 por 100 metros rasos ou 4 por 400 metros é bem parecido com um pique-tá, não é mesmo? Qualquer corrida importante é a mesma coisa que “apostar” corrida com um colega até a esquina ou no recreio do colégio, num condomínio… Em qualquer lugar! Ou alguém ainda se ilude pensando que Olimpíada é mais do que isso?! Porque vencer uma corrida até a esquina também é uma glória!

…E o salto-triplo, também pode lembrar uma grande amarelinha… E o salto em altura? Talvez seja igual a pular “carniça” sem usar as mãos!

Ah! Esporte com bola nem se fala! Futebol é futebol mesmo, em qualquer parte do mundo um campinho de “pelada” tem o mesmo valor de um grande estádio! Handebol, vôlei, basquete também… Qualquer quadra, mesmo improvisada, ou um quintalzinho é tão grandioso quanto o Coliseu!

Quase todos os esportes surgiram como brincadeira… Quando năo foram inventados por uma necessidade. Como é o caso da natação que foi instintivamente criada por algum povo primitivo através do nado livre para atravessar rios ou trechos de mar; a canoagem também, que veio trazendo o remo. Ainda o arco-e-flecha e a lança (que praticamente é o dardo de hoje no atletismo) surgiram para a caça e a pesca pelos povos primitivos e também para a sua proteção contra grandes animais, muito antes de serem usados em guerras.

Bicicleta, primeiro surgiu como um maravilhoso veículo de locomoção, depois é que vieram as competições de ciclismo.

A ginástica artística é uma brincadeira completa, igual a subir no Trepa-trepa, se pendurar em árvores, dar cambalhotas e estrelas, “plantar bananeira” e por aí vai…

Todos os grandes esportes são assim: fazem parte da cultura de algum povo e depois vão sendo conhecidos por pessoas de outros lugares, povos de outras culturas que o absorvem. Dessa maneira um esporte se propaga pelo mundo até chegar a ponto de ser disputado em um campeonato mundial e nas Olimpíadas.

Vários esportes olímpicos de hoje começaram em uma aldeia, num gueto, num arraial até se alastrarem por outros lugares e ganharem tamanha importância.

Assim o grande atleta se prepara desde bem cedo sem nem perceber, a partir das brincadeiras na infância, em suas primeiras disputas na rua, no colégio, num quintal, numa pracinha, numa aldeia… Até chegar a disputar uma Olimpíada ou um campeonato mundial.

Portanto, não podemos esquecer nunca (mesmo que muitos teimem e levem tão a sério esse negócio de esporte!) de que tudo na verdade não passa mesmo de uma grande e divertida brincadeira!