O CASAMENTO

A vida nem sempre é uma festa, e é muito bom quando cruzamos nossos caminhos com pessoas divertidas e que contando suas histórias nos fazem dar boas risadas. Este é o caso do casal Rebeca e Sérgio, eles já estão noivos há dez anos, o comentário que rola entre os “amigos” é que Sérgio está enrolando Rebeca, mas isto faz parte de outra história, e fica para outra ocasião.

O fato é que os dois têm muitos amigos, Sérgio tem um negócio em local estratégico na cidade e é uma pessoa muito agradável, Rebeca também não fica para trás muita alegre, simpática e festiva cativa a todos que dela se aproximam. Enfim o casal que é muito querido pelos amigos era sempre convidado para serem padrinhos de casamento, e com o convite é claro não podiam deixar de perguntar já com alguma descrença, pelo casamento do casal.

Deixando este por menor de lado, o casal sempre aceitava novos afilhados, e o casamento de um dos casais de afilhados foi uma diversão e tanto. Camilo e Tereza já moravam juntos há bastante tempo, mas queriam um casamento dentro dos conformes. Mas entre querer e poder existe uma diferença muito grande e depois que tomaram a decisão muitas coisas aconteceram. Camilo no corre-corre do dia a dia ficou mais comprometido com o trabalho e o casamento foi adiado pelo menos três vezes, os amigos do casal, já estavam começando a acreditar que não haveria casamento nenhum, e os padrinhos Rebeca e Sérgio começaram apensar da mesma forma.

Neste meio tempo o noivado de Sérgio e Rebeca entrou em uma fase difícil, na verdade o problema já existia, mas depois de dez anos ele cresceu e tomou conta de Rebeca, por outro lado Sérgio não via nada demais para ele estava tudo normal.

Rebeca sentia-se cansada, por estar juntos há muito tempo, o casal era alvo de piadas de todos e muitas vezes os amigos opinavam sem pudor, aquilo era horrível, a vida deles era um livro aberto onde cada um que quisesse poderia escrever uma frase. Mas o pior de tudo isto é que Sérgio era responsável por 99% desta situação.

Para o rapaz era normal que todos participassem, ele não via isto como um problema, mas era Rebeca não suportava mais aquilo tudo, não existia privacidade depois de tantos anos conversando, tentando fazer-se entender, achou que seria de bom tom dar a Sérgio um ultima Tum, e este veio de uma forma hilária, ela simplesmente disse a Camilo que ele não mudasse novamente a data de seu casamento, pois apenas estava esperando que ele e Tereza se casassem para que ela se separasse. Camilo riu muito da forma como Rebeca falou e garantiu que agora o enlace matrimonial aconteceria.

E depois de muitos tropeços realmente o famoso casamento aconteceu, e que casamento! A confusão começou é claro com os padrinhos, tratando-se de Rebeca e Sérgio nada fora do normal. À hora marcada para a cerimônia era às 09:15 da manhã, Rebeca e Sérgio conseguiram uma carona, a pessoa em questão passaria em um determinado lugar primeiro e depois deixaria o casal no cartório. Detalhe, quando chegaram no local que a pessoa que deu a carona iria já passava é claro das 09:15, rumo ao cartório depois de muito discutir Sérgio garantiu que o endereço passado ao motorista estava correto, partiram então para o cartório, por sorte ele não era muito longe do lugar a onde estavam, então o atraso seria pequeno.

Chega o casal no local de destino, mas havia alguma coisa errada tudo estava muito quieto, parecia não haver ninguém ali, e não havia mesmo Sérgio e Rebeca foram ao cartório errado. Enquanto isto Camilo e Tereza já estavam desesperados, no cartório certo o juiz designado para celebrar o casamento queria deixar os dois esperando e seguir em frente com as outras cerimônias, todos no local já estavam com os nervos abalados de tanto esperar. Camilo já não tinha mais desculpas para dar ao juiz, não sabia mais o que dizer para fazer o homem esperar, quando a situação já estava quase incontrolável os padrinhos chegaram.

Explicações à parte vamos ao casamento que ocorreu sem nenhum contratempo, apenas vale a pena ressaltar a pergunta do noivo que arrancou boas risadas de todos no recinto, “em que mão eu coloco a aliança”?

A festa!

O lugar escolhido era lindo e muito aconchegante, havia uma piscina maravilhosa que agradou bastante os convidados, pois o dia estava muito quente. Todos os amigos do casal estavam presentes e como em toda festa que se preze, não poderia faltar aquele famoso parente ranzinza, ou melhor, a parenta.

A mulher era uma daquelas tias de terceiro grau que não gostam de nada, sempre com um discurso pronto para cada situação que ela presenciasse. Ao ver que a maioria dos convidados se deliciava com a piscina, a “tia” começou a gritar para todos que aquilo seria perigoso, alguém poderia escorregar e quebrar alguma parte do corpo, é claro que todos sabiam que era um enorme exagero, afinal a brincadeira na piscina estava ótima e tranqüila. O que a tia queria era que todos parassem de brincar e que o barulho das risadas parasse para seu deleite.

Sérgio que era muito brincalhão pulava na piscina e saía gritando “pessoal não podemos pular e brincar na piscina é perigoso”. Ele repetiu este ato por algumas vezes e todos achando muita engraçada sua atitude voltaram a se divertir, sem dar atenção à tia.

Mas a implicante senhora já havia encontrado outra desculpa para atormentar, desta vez ela alegou que havia caído água no som, e que causaria um curto se continuasse ligado. Na verdade foi contatada apenas uma gota de água, nada que um pedaço de pano não pudesse resolver. O que a agradável senhora realmente queria era silêncio profundo.

Como ela percebeu que nada adiantaria, resolveu ir embora e como se tivessem combinado enquanto ela saia, os outros convidados fingiam fazendo gestos com a mão, estar apontando uma metralhadora nas costas daquela tia mal humorada, que maldade!

Brincadeiras à parte ela saiu da festa e da cidade, vale ressaltar que ela morava em outra localidade. E assim a comemoração seguiu sem maiores tropeços até altas horas.