O pessegueiro em flor-cenário de uma vida de amor

Surgia imponente diante das moradias pequenas, na rua estreita de Minas Gerais, a casa em que nasci e fui feliz por algumas décadas. Foi construída em um grande terreno, dividindo o pomar e um jardim onde reinava um pessegueiro que, inadvertidamente, cresceu, junto à varanda e a enfeitava com suas flores, frutos inundando a casa com seu perfume.

Neste cenário,viveu um jovem casal , ambos apaixonados que se conheceram, namoraram, noivaram e se casaram em oitenta e nove dias.

Tiveram seis filhos. Cinco mulheres e um homem. Venceram às agruras da época e a trancos e barrancos, por mais de sessenta anos, viveram juntos e formaram todos os filhos em nível superior.

Não havia fogão a gás, televisão, fraldas descartáveis, roupas feitas, apenas aquele rádio cujo som era quase imperceptível, mas encantava a todos com as aventuras de “Jerônimo, o herói do sertão”, com o moleque saci e as suas travessuras. O pai, exausto por um dia de labuta, paralisado pela história, num silêncio absoluto e inusitado vivia a vida do herói, por alguns minutos.

Anticoncepcional só o natural. Normalmente, não respeitado. Foram surgindo,assim, um a um os personagens desta família que passarei a descrever de maneira sucinta para matar as saudades e reviver. Assim experimentei momentos de ternura e carinho lembrando-me de detalhes que marcaram cada um de meus irmãos a quem chamei de: A sonhadora, a escritora, a amiga de todas as horas, o amor incondicional, um homem muito esperado e finalmente a espirituosa. Trouxe-me muito prazer voltar ao tempo e sorrir com nossas façanhas tão inocentes e por isso mesmo, inesquecíveis. Desde tenra idade convivemos com a alternância de frutos e flores do pessegueiro bem, junto à varanda da casa grande sendo,por isso mesmo imortalizado em todos os cenários da história desta família.