...ERA SÓ O QUE FALTAVA

Bruno era o melhor amigo de Viviane e vice-versa, trabalhavam e se divertiam juntos, principalmente quando não estavam namorando. Ela morava sozinha numa quitinete no Largo do Machado, enquanto a sua família morava num bairro afastado, chamado Posse, em Nova Iguaçú.

Ela não gostava do lugar porque era muito humilde e distante. Se morasse lá com a mãe e os irmãos, teria que levantar muito cedo pra chegar na hora no trabalho.Como era a caçula, a mãe fazia tudo o que ela queria, então ajudava no pagamento do aluguel da quitinete.

De vez em quando eles iam pra casa dela assistir filme no DVD, junto com outro amigo deles, o Roberto. O Bruno e a Viviane tinham a impressão que ele era bicha, porque sempre que o assunto era namoro ele fazia tudo para mudar o rumo da conversa. Mas não tinham certeza da preferência sexual do amigo, porque ele nunca revelou. O Bruno às vezes pensava que ele tinha interesse na Viviane, por isso raramente deixava os dois sozinhos, estava sempre na cola. A Viviane achava justamente o contrário, que ele gostava era do Bruno.

Uma noite estavam os três em uma boate e tinha um sujeito na mesa ao lado da deles com duas garotas, uma morena e uma loira. Ele ficava o tempo todo olhando pra Viviane. Depois fez sinal para ela, convidando-a para irem dançar. Foram todos os seis. Foi até engraçado, porque o sujeito pretendia, naturalmente, ficar sozinho com a Viviane e o Bruno convidou a morena e o Roberto foi com a outra. Guerra é guerra. Eles trocaram telefones e no dia seguinte o sujeito ligou pra ela propondo se encontrarem para se conhecerem melhor. Ela disse que toparia se a garota morena que estava com ele na boate também fosse. Explicou que não era por causa dela, ela era hétero, mas porque um dos amigos dela estava interessado. Ela falou sem combinar com o Bruno, se ele queria ou não ir se encontrar com a garota. O sujeito falou que era a irmã dele e que iria falar com ela e depois retornava. Ligou de volta não demorou muito, dizendo que ela tinha topado, só queria saber se foi o que a convidou pra dançar, o que ele confirmou. Então marcaram para a sexta-feira seguinte na mesma boate.

Lógico que o Bruno não iria deixar a melhor amiga dele na mão, principalmente porque ela não conhecia o cara e ela naturalmente queria que ele fosse para avaliarem juntos a situação. Ele até que gostou, porque a garota também era muito interessante.

No dia do encontro, eles foram para o apartamento dela direto do trabalho. Passaram numa loja num shopping pra comprar uma camisa para ele usar naquela noite. Não se sentia bem continuando à noite com a camisa que usou o dia inteiro.

O Bruno ficou na sala ouvindo um CD da Marisa Monte enquanto ela foi tomar banho. O disco era dele, mas estava com ela desde que comprou. Ela saiu do banheiro com uma toalha enrolada no corpo e o Bruno sentiu uma coisa esquisita. O coração apressou os batimentos quando viu a mulher linda, com os cabelos molhados, realçando o seu corpo que exalava um perfume muito agradável. Não pode deixar de constatar não seria má idéia se eles namorassem ao observar que somente uma toalha escondia o corpo da sua amiga. Ela era mesmo bonita, as pernas perfeitas...

Ela parou em frente a ele, ia dizer alguma coisa, mas deve ter percebido alguma coisa diferente no olhar dele e continuou em direção ao quarto. Ela não fechou a porta, jogou a toalha sobre a cama e de costas para ele vestiu uma calcinha, no tempo necessário para que os olhos dele, embevecidos, descobrissem o que faltava da beleza da Viviane. Ela não demonstrou recato ao expor o corpo aos olhos do amigo, parecia estar tramando sedução. Abriu o armário e tirou outra peça da gaveta, esticou-a na altura dos olhos, era vermelha. O Bruno assistindo, pensou como se estivesse falando com ela: eu não gostei da cor. Ela devolveu a calcinha à gaveta. Pegou uma de cor rosa bem claro e fez o mesmo procedimento. Essa está ótima! (ele pensou). Ela tirou que estava no corpo e vestiu a última, ajustando-a ao corpo, enquanto examinava a sua imagem no espelho, percebeu que ele estava observando e sorriu para ele, que desviou os olhos, desconcertado, e, para tentar por fim ao embaraço, disse que queria tomar um pouco de água. Ela disse pra ele pegar na geladeira e pegou um sutiã para vestir.

Ele estava muito excitado com a situação. Preferia não ir encontrar com a outra garota, muito menos que o sujeito ficasse com a Viviane. Perguntou a ela se poderia tomar um banho também. Ela disse: claro que pode! Se você for fedendo a garota não vai querer nada contigo.

Então ele entrou no Box e tentou lavar os seus pensamentos excitados. Demorou muito, porque estava difícil relaxar, mas não queria que ela percebesse o que os seus neurônios estavam fazendo com ele. Percebeu que no banheiro não tinha outra toalha além daquela, de rosto, pendurada perto da pia. Não teve outro recurso senão chamá-la pra pedir a ela. Viviane ainda não estava vestida quando foi levar a toalha para ele, continuava só com a calcinha e o sutiã.

Enquanto ele se enxugava, ela ficou no banheiro passando e penteando os cabelos. Ainda no Box, como ela não saiu, ele pediu para ela pegar a cueca e a calça que estavam em cima de um cesto. Ela deu só a cueca e disse pra ele sair logo do Box para passar creme nas costas dela.

- Como você se vira pra passar creme nas costas quando está sozinha? – Ele perguntou.

- Eu mesma passo ora! Mas já que você está aqui eu prefiro que você passe. - Ela disse dando o frasco a ele.

Ele pegou o frasco e começou a espalhar o creme pelos ombros dela e desceu para as costas. Ela abriu o fecho do sutiã. Ele tentou demonstrar naturalidade e olhou para o espelho onde estavam refletidos os pequenos seios dela assim como os olhos que o encaravam.

De repente, ela se virou e o beijou. Ele retribui com satisfação. Quando as bocas se separaram ela disse:

- Eu não quero me encontrar com ninguém, nem hoje nem nunca. Eu sei muito bem quem eu quero. – Ela disse.

- Eu também não. Eu agora descobri de quem eu gosto.

E deixaram acontecer o que eles sempre estiveram contendo nem eles sabem o porquê.