Acontece 4 - obrigado pelo furto
Essa é uma história que apareceu na TV, inventei o nome fictício para melhorar a narrativa...
André era um cara batalhador. Trabalhava diariamente em uma fábrica e para não enfrentar a dura rotina de pegar ônibus todos os dias, juntou o suado dinheiro e decidiu comprar um carro.
Depois de muito procurar e pesquisar, acabou por adquirir um Chevete ano 79. O carro era bonito de longe, mais quando se chegava perto, ficava evidenciado um carro cheio de massa e com a pintura queimada, o interior com os bancos rasgados, o volante desalinhado, cheio de folga e pneus carecas. O motor estava "fumando", queimando mais óleo do que gasolina, e estava tão fraco que custava subir as ladeiras que encontrava no caminho do trabalho, a bateria falhava e o chevette, muitas vezes só pegava na base do "tranco".
Mas era com o que André contava, já que com o Chevetão, ele ia para o trabalho, voltava para a casa, depois ia para a faculdade e ainda namorava nos finais de semana.
Certo dia, ao sair da faculdade, às 22:30 horas, André não encontrou seu carro no local onde havia anteriormente estacionado. Entrou em pânico. Haviam roubado o único bem que havia conseguido adquirir em sete anos de trabalho duro na fábrica.
Então, após acalmar os ânimos, André ligou 190 e chamou a polícia, que lavrou o B.O. André, triste como nunca, pegou um ônibus e chegou em casa de madrugada, com vergonha de contar para a namorada que haviam levado o "Cheba".
Durante oito meses, André sofreu como um camelo, pegando ônibus todos os dias para chegar em casa, ir para o trabalho e para a faculdade, e nos finais de semana, mais ônibus para ir até a casa da namorada, que ficava em um bairro distante.
André já havia perdido as esperanças. Sentia-se vencido e impotente de comprar outro bólido.
_...O "cheba" já deve ter sido desmontado e suas peças vendidas em desmanches. Pensava...
Certo dia, André recebeu uma ligação da Delegacia, e o investigador disse que haviam encontrado seu carro.
André correu até a Depol e entrou afoito no pátio de veículos procurando sua preciosidade e não encontrava seu chevettão.
Até que o investigador falou:
_Ei, aquele ali é o seu carro.
André viu, mas não acreditou. O carro havia sido pintado com tinta perolizada (serviço de primeira linha), estava equipado com quatro pneus novos e escapamento esportivo. André entrou no automóvel e ficou surpreso com o capricho do ladrão: o carro havia sofrido remodelação interna, com bancos e interior de couro, volante esportivo, DVD, som potente. O motor havia sido retificado, passado a álcool e novinho.
O policial então falou para André:
_Que sorte hein? O ladrão foi parado em uma blitz de rotina e havia esquecido a habilitação em casa, puxamos o cadastro e deu veículo roubado, já que ele trocou a placa, mas não remarcou o chassis. Veja: o bandido não vendeu nem o DVD.
E André limitou-se a responder:
_Sim, é verdade, foi muita sorte.
E hoje, André anda em seu "novo" chevette, todo reformado e pronto para lhe servir na batalha diária.
É raro, mas acontece.