Sol das Dez...

Estava sentada no ponto de ônibus fazendo palavras cruzadas e olhando as horas pelo grande relógio amarelo do aeroporto. Mais de quinze minutos se passaram e os pensamentos não paravam de gritar em sua mente.

Gritavam informações, códigos, números, nomes e as diversas preocupações que só estavam por começar...

O que será daqui para frente? Por que tanta pedra neste caminho tão árduo e difícil de trilhar? Será este o caminho certo a seguir?

Ela não sabe. A única coisa que ela sabe é que dentro de alguns minutos o seu ônibus irá chegar e, do aeroporto até o ponto final onde ela irá descer, serão cerca de vinte minutos... Vinte minutos que serão utilizados para dormir um pouco, afinal este é o único meio de fazer com que essa gritaria suma da sua mente... pelo menos por um tempo.

Chegando lá, no ponto final, tem ainda uma caminhada de dez minutos até chegar em sua casa. E novamente os pensamentos voltam a berrar misturados às cenas que ela vê pelo caminho.

São cenas agradáveis até. Banhadas por um solzinho ideal que esquenta o suficiente sem perturbar e nem fazer nada derreter... Sol das dez.

Dez minutinhos apreciando as paisagens melancólicas sendo aquecidas pelo astro rei.

Mas ela detesta sol! Sim, aquele sol que faz até sua pressão abaixar mais que o normal. Aquele sol que bronzeia as peles normais, queima as sensíveis e nem afeta as mais escuras.

Já este sol que apenas aparece pra dizer que existe, mesmo neste inverno; que dá uma leve esquentada nas casas abertas, nos colchões postos no quintal, nos edredons dobrados nas janelas, nos cachorros deitados de barriga para cima... Este sol sim, este ela aprecia, principalmente quando tem tempo de fazê-lo na sacada de seu apartamento, lendo algum livro...

12/08/2007 - Elaine Thrash - voltando do trabalho...