FÁBULA MUDANÇA DE HÁLITO

No Sïtio do Seu Carrinho, havia muitos animais e aves. O cão Brejo e o gato Tico viviam em harmonia.

O pato Adolfo e o gato Tico passeavam em paz pelo quintal e dividia o paiol na hora de dormir. O Galo Nestor e a galinha Nina vivia feliz com sua prole.

Jamais alguém saiu ferido de qualquer brincadeira de mau gosto. A ave de rapina nunca conseguiu aterrissar por ali. Sempre que o gavião rondava o quintal, o cão Brejo logo conseguia faze-lo correr de volta. Mas o lagarto Teiú, esse era muito ignorante, ninguém conseguia faze-lo compreender as leis do terreiro. Sempre aprontava o dele. As galinhas punham seus ovos e não conseguiam chocá-los, pois Teiú comia todos e deixava somente as cascas.

Certo dia, houve uma festa na fazenda. Era final de colheita.

_ vamos comemorar com uma gincana e aproveitando o momento para dar um fim nesse problema. Começou um alistamento para a caça de Teiú.

- Vamos pessoal! Tem mais um candidato querendo se inscrever! – gritou o cão Brejo aos seus amigos.

_ quero ver de perto – respondeu o gato Tico. Talvez ele consiga. É o melhor pato do terreiro, mais esperto, mais astuto.

-Vejam rapazes! Este será o nosso salvador? – indagou o galo Nestor.

_ Aquele que conseguir dar um jeito no Teiú será o novo presidente do terreiro e governará até o fim de seus dias!

Passou vários dias...

Então, o pato Adolfo reuniu todas as suas idéias e começou a traçar uma estratégia.

Como faria para acabar com esse problema no galinheiro, sem matar o amigo inoportuno. Todas as idéias davam em nada. O pato não desistia. Tentava, tentava... e nada!

Vendo que fracassara em todas as alternativas, voltou para o paiol triste e abatido. Todos os dias tentavam realizar essa proeza, mas nunca ele conseguia.

_ Ora, pessoal, se o pato Adolfo não consegue sozinho, vamos tentar todos nós juntos! – desafiou a galinha Nina, batendo suas asas.

_ Somos fortes e jovens!

_ Não brinque com o Teiú, _ retrucou o velho Peru Tomais. Ele é forte e de cabeçona dura como pedra, não conseguiremos convence-lo a abandonar esse habito de roubar o fruto de nossa população.

_ Não nos subestime – disse Brejo o cão. - Um dia agarrarei esse malvado pelo rabo e arrancarei seus olhos.

_ Calma, disse Nestor o galo cantor. _ Vamos encontrar uma saída,

_ Seria ótimo! Disse Sofia, a coruja que estava na cerca com uma cara sonolenta.

Finalmente Sofia, desceu até o chão e reuniu toda a população do terreiro para uma convenção.

Assim... Começou a conversa: _ Proponho ao nosso amigo inconveniente uma mudança de hábito. _ O que vocês acham disso?E cada um tem que fazer sua parte, e muito bem.

_ O pato Adolfo e toda sua família vão ter que trabalhar duro, trazendo todos os coquinhos para perto da granja, não vale come-los! Assim quando o Teiú aparecer para comer os ovos ele encontrará os saborosos frutos e não bulirá mais nos ninhos das chocas. A pata Carola fez um vai e vem com o bico, aprovando a idéia.

Continuou Sofia.

_ E o galo Nestor e a galinha Nina com todos os seus parentes vão amontoar com os pés e o bico todos os frutos da amoreira. Não vale come-los! Assim, tenho certeza que Teiú acostumará a comer outros petiscos.

A galinha Nina, entusiasmada ciscou o chão aprovando a idéia de Sofia.

_ O cão Brejo e o Gato Tico vão ficar de guarda atrás do bambuzal, sempre que Teiú tentar outras artimanhas, correrão com ele dali até o fim do mangueirão. Assim restará somente a saborear as comidas que vamos ensiná-lo a comer.

Passou um bom tempo...

Todos trabalhando em função de um único ideal. Transformar a vida de Teiú, que apesar de ele estar em lugar de inimigo, era uma vida muito solitária. Ele vivia sozinho num buraco longe das cercanias da casa grande.

Numa bela manha de abril, fazia bastante frio, por que durante a noite havia caído uma geada. O Capim estava congelado e as flores toda branquinha de gelo.

Todos os animais estavam encorujados tomando o sol da manhã na beirada da cerca do mangueirão. Quando avistaram Teiú que vinha de mansinho beirando a cerca, foi se achegando e foi ficando. Por um instante o céu comemorou a vitória dos animais do Sitio. Aleluia!!! Aleluia!!!

A partir daquele dia, todos os animais no sítio viveram em paz e harmonia. Teiú provou das amoras, dos coquinhos e dos repolhos que eram os alimentos dos porcos e nunca mais quis saber de ovos. E passou a conviver com todos os animais no grande quintal do sitio. Sofia, a coruja sabida, vivia com seus filhotes na grande árvore que fazia sombra no mangueirão. O cão Brejo e o gato Tico dividia o canto de dormir embaixo do paiol com o pato Adolfo e todos os patinhos amarelinhos. O galo Nestor e a galinha Nina dormia no poleiro ao lado do chiqueiro. E o Teiú acabou se mudando para embaixo do paiol. E no calor do dia se refrescavam na poça d’agua que vinha do córrego que cortava o sitio com sua água cristalina.

E aquilo era um espetáculo para as pessoas que ali vinha passear.

Moral da história: Se eu trocar um hábito ruim por um bom hábito, enxergarei o mundo melhor!

Angeluar
Enviado por Angeluar em 03/05/2009
Reeditado em 03/05/2009
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