Feliz dias das mães, papai...

Em Duque de Caxias, tem um bairro chamado Copacabana, como a do Rio deJaneiro, mas sem as praias e o charme. Mas, tem mendigos e rios bem sujos. As familias aqui, tem o costume, talvez a necessidade mais do que costume, de morarem juntas, no mesmo terreno. Há uns dois anos, conheci uma familia Silva, mais uma das muitas em nosso belo país. Jorge, seu pai, Alfredo, a esposa de seu pai, Maria, a esposa de Jorge, Joanna, sua cunhada, irmã de Joanna, Adrianna, seu namorado Pedro e os dois filhos de Jorge com Joanna, Rafael e Patrícia.

Um dia de muitas nuvens foi o dia das mães naquele ano. Em todos os sentidos. Vou contar.

Alfredo, pai de Jorge, fora pedreiro na maior parte de sua bem vivida vida. Mas, não era pelo fato de ser pedreiro que haveria de se excluir do mundo da cultura. Em uma de suas jornadas pelos livros, como costumava chamá-las, sua estimada esposa o interrompe com todo o tato com ar de preocupação.

"Querido, precisamos conversar..."

"Sim, pode falar..."

"Aqui não vamos para fora, por favor..."

"Tudo bem..." - Ainda sem entender.

Ao chegarem em seu vasto quintal, repleto de flores e plantas medicinais, umas plantadas pela própria Maria, outras pela sua primeira esposa, Conceição, a mulher aconselha:

"É melhor se sentar..."

"Estou bem mulher, é melhor você começar logo..."

"Sua nora enlouqueceu, vai deixar seu filho fugindo com outra mulher, uma devassa que ele conheceu durante o trabalho..."

Neste mesmo instante, antes que pudesse digerir as informações, Alfredo foi logo caindo no primeiro toco de árvore que visualizou.

"Como você sabe disso, mulher?"

"Pedro, que trabalha com ele, que me falou, mas disse pra eu não contar pra ninguém..."

"Ele há de confiar em mim, falarei com ele não é possível..."

Algumas horas depois, eles se encontram.

"Pedro, tenho de falar com você..."

"Pode falar..."

"É melhor você se sentar..."

"Estou bem, fala logo diachos..."

"Lembra de quando eu te contei aquela história louca do meu filho deixar a esposa?, era mentira, foi uma brincadeira de mal gosto que a galera do trabalho tinha feito para encarnar nele..."

Pasmo, Pedro se deixa cair no mesmo tronco de árvore que Alfredo experimentou horas antes.

"Tenho que desfazer uma besteira que fiz..."

No final do dia, Pedro se encontra com sua namorada, irmã de Joanna, Adrianna.

"Mas, meu bem não é possível, Jorge mesmo falou comigo que iria deixar minha irmã pois ele não estava mais aguentando toda essa vida de cão!?"

"O nome da mulher era Rebeca, certo?"

"Não, é Sara..."

"Ah, meu Deus, será então verdade?, mas logo no dia das mães?"

Depois de dois minutos refletindo, chega-se até os dois, Patrícia filha do casal em conflito, Jorge e Joanna.

"Tia, posso falar com a senhora?"

Percebendo o tom de choro em sua voz, imediatamente atendeu o suplício. Destacando-se o seu namorado, Adrianna encoraja a menina a começar.

"Fale minha querida, o que houve?"

"É melhor a senhora se sentar..."

"Puta que pariu, que merda você fez?"

"Desculpe, mas dessa vez não fui eu, quer dizer não fui eu que fiz a pior cagada..."

"Como assim a pior?"

"Lembra do Renato, aquele bonitão da minha classe?...então, sei que lembra dele pois nenhuma mulher que se preze, seria capaz de esquecê-lo, pois é, eu e ele, estávamos dando umas voltas lá na Humaitá (n.e.; uma praça do centro da cidade) quando avistamos uma mulher muito vulgar dando, também, umas voltas com um certo homem..."

"O que você estava fazendo com aquele garoto naquele lugar deserto?"

"Em, primeiro lugar, o lugar não é um lugar deserto, em segundo, eu faço o que quizer da minha vida..."

"A é?, e quem te disse que você já é dona do seu nariz, mocinha?"

"Bom, foi o terceiro lugar..."

"Não entendi..."

"Meu pai era o homem com a mulher vulgar...subentende-se que eu também possa fazer o que quizer com meu namorado, partindo do ponto de vista que meu pai pode fazer o que quizer com uma mulher que não é a minha mãe, ainda por cima no dia das mães..."

"Meu Deus do céu, se é que existe um lá...fudeu de vez!"

Caindo no tronco fatídico da árvore, a irmã da coitada mãe se desespera. Imagina que o dia das mães perfeito para sua querida irmã deveria ser bem diferente do que estava se desenhando. Como haveria de contar que seu marido a traia e que iria deixá-la por uma vadia de esquina? Como contaria que sua filha é uma semi-puta desvairada que fica se esfregando com o gostosão da sala que, diga-se de passagem é gostosão mesmo, mas que isso não justifica uma moça de familia se prestar a um papelão desses? Como contar que praticamente todos na familia sabem menos a própria? Ficava pensando em uma maneira menos dolorosa de contar a verdade para sua irmã assim que ela chegasse do trabalho, pois era diarista e as vezes trabalhava aos domingos para conseguir um dinheirinho extra. Dessa feita, não seria diferente, pois, no dia das mães, as patroas querem mesmo é descançar ao invés de irem para a cozinha. Enquanto pensava, sua sobrinha se afasta, dando lugar a Rafael, seu sobrinho mais novo.

"Tia, acho que quero ser gay - falou com entusiasmo.

Boquiaberta e embasbacada a tia não teve contra-argumentos. Só fitou-o estarrecida. O menino nada mais falou.

O tempo persistiu em acelerar-se até que Joanna chegou e foi logo se aproximando de sua irmã para cumprimentá-la.

"Que bom te encontrar, você nem sabe o que estão falando por aí, acho até melhor você se sentar..."

Adrianna, que havia se levantado para recepcionar Joanna, logo se sentou e soltou um suspiro de fadiga.

"Estão dizendo por aí que o Jorge tem outra, vê se pode uma coisa dessas? Que absurdo!!!"

"É, verdade?...nossa!!!...ah...Joanna..., tenho que te falar algo...mas acho melhor você se sentar...."

Prima
Enviado por Prima em 10/05/2009
Reeditado em 10/05/2009
Código do texto: T1586904
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