VISITA INESPERADA

Berta acordou com a luminosidade do sol, entrando pela janela do quarto, o dia prometia ser quente (começo de verão), levantou de maneira rápida, vestindo uma roupa esporte e confortável, tomou seu café, seguindo para o trabalho, que prometia ser desgastante.

Funcionária da (CEF), Caixa Econômica Federal, chegara ao trabalho pontualmente no horário exigido (era escrava do relógio), sempre chegava antes do previsto, e, naquele dia, foi logo avistando o balcão cheio de pessoas, querendo pronto atendimento. Fazia muitos anos que trabalhava naquela Instituição Financeira, gostava muito do seu trabalho, independente dos desafios impostos.

Entre um atendimento e outro, naquele vaivém próprio de uma instituição sufocada, terminara seu exaustivo dia de maneira autômata, retornando para casa pensativa e exaurida.

No caminho, entre pensamentos e sombras, voltara ao passado, quando estava em casa de seus pais e seu pai recebera uma visita inesperada...

Tinha dezoito anos e estava vivendo um momento delicado, pensava casar-se com “um forasteiro” (como diziam seus pais), que havia chegado à cidade, para trabalhar, entrando de mansinho no seu coração desocupado, fazendo ali guarida permanente.

Voluntariosa e com forte personalidade (difícil mesmo eram seus pais convencerem-na), por mais argumentos que tivessem, estava irredutível, não queria abrir mão dos seus sonhos e anseios, próprios da juventude.

Decidira que iria casar-se com aquele jovem, porém, para seu desespero houve um rebuliço na família, que não aceitavam tal situação.

Berta estava vivendo um momento singular em sua vida, onde as palavras só faziam atrapalhar, na relação conflituosa com seus pais.

Naquele dia, estava lendo um livro, para desanuviar sua agonia interior, quando tocou a campainha, ela, de má vontade, foi abrir a porta, era o compadre (Zezinho) de seus pais, que fora visitá-los.

Eles ficaram conversando na sala, Berta, ficara numa outra, lendo um livro (sem querer) ouviu o que eles diziam.

Compadre Zezinho, então, perguntou ao seu pai: ___ Sabe Compadre, estou aqui, porque soube que sua filha vai casar, qual delas? __ Seu pai bastante amargurado respondeu: __ Berta está pensando casar-se com um forasteiro, chegante na cidade, não conhecemos sua família e qual a sua procedência.

... Seu Zezinho então falou: Ele trabalha? __ Seu pai novamente respondeu: Sim, soube que é Funcionário do governo. Seu Zezinho inquiriu: Berta é de menor?___ Não, respondeu seu pai. Já Concluiu os estudos? ___ Novamente (meio sem graça), seu pai falou com um monossílabo sim, então ele sabiamente falou:

Meu compadre dê seu consentimento, não interfira em coisas do coração, o tempo se encarrega de muitas coisas.

... Quando Seu Zezinho foi embora, o pai de Berta chamou-a e falou: Você vai se casar minha filha! __ Siga seu caminho, seja feliz e que Deus te abençoe, entre lágrimas e muita emoção eles se abraçaram e Berta partiu para uma nova etapa de sua vida.

Construiu sua história ao compasso da razão, quando elegeu “aquele forasteiro”, como senhor absoluto do seu desocupado e jovem coração.

Como se tivesse saído dum transe, ela entra apressada em casa, indo ao encontro de sua família Edmundo, companheiro (pacífico), Sara e Isaac, filhos maravilhosos, com seus dois netos Débora e Paulo, reunidos na sala, assistindo TV, esperando-a chegar do trabalho, para fazer aquela pizza de quatro queijos que tanto gostavam, somente servindo, se fosse feita pelas mãos milagrosas de Berta.

Foi rápida para a cozinha, e, numa precisão absoluta, elaborou a esperada pizza, naquela noite, quando todos se reuniram à mesma, Berta, de maneira (misteriosa), com generoso carinho chamou o esposo Ed, e, numa cumplicidade de eternos amantes, fizeram um brinde, celebrando a vida com todos os seus desafios.

Tantos anos se passaram daquele distante dia..., e, aquela visita inesperada, nunca soube o bem que fizera, quando deu um sábio conselho ao seu compadre, num momento certo, numa hora certa.

SSala
Enviado por SSala em 11/07/2009
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