Estação de Trem

Às seis da tarde a estação de trem da Barra Funda fica abarrotada de gente.

Gente de tudo quanto é tipo, provavelmente voltando do trabalho, indo para a faculdade ou vendendo algum doce "muquiado" nos bolsos das calças ou dos casacos... Todos com aquela cara de cansaço, como se mais um dia na vida deles tivesse acabado...

E no fundo as cabeças todas concordam que amanhã, mesmo sendo sexta-feira, tudo será exatamente igual... Pelo menos será sexta, o que significa que a grande maioria desfrutará o final de semana para "descansar", enquanto alguns trabalharão mais um pouco... ou até mais...

E no meio de toda essa multidão de cabeças cansadas e pensantes, eis que surge um rosto triste pelo qual escorrem algumas lágrimas fugitivas...

Este é o rosto que me pertence. Em plena multidão, ali, esperando o trem com destino à Itapevi, lágrimas me escapam insistentemente diante da lembrança do que acabo de escrever...

Me refiro ao texto sobre minha morte. Após tê-lo escrito, desabei a chorar, porém sem saber exatamente do que:

Da idéia de morrer sem ter concluído e alcançado meus objetivos? Da possível reação fria das pessoas (principalmente meus parentes) em relação à minha morte? Do meu pedido insistente e desesperado para Deus me dar mais uma chance de viver? Do fato de ter acordado desse sonho ruim e ter percebido que ali estava minha nova chance, dada por Deus?

Não sei... Só sei que chorei uma estação inteira, pois desci na Lapa e sentei em um banquinho para escrever... E o nó na garganta ainda está aqui.

Hoje cedo, ao acordar, chorei. Chorei quando vi minha mãe sempre a me dar a costumeira bronca por estar ainda com a cama desarrumada... Chorei por ver que estava viva e que tudo ao meu redor estava perfeitamente normal... Chorei quando meu pai veio almoçar em casa, todo alegre, apesar de cansado e cheio de problemas (principalmente pelo fato de ter que lidar com o recente falecimento do melhor amigo dele).

Não me sinto idiota assim chorando e tentando escrever tudo torto aqui neste bloquinho de anotações que sempre carrego na bolsa. Não me sinto idiota, apesar de esconder as lágrimas para que nenhum transeunte se espante com esta louca aqui chorando na estação de trem...

Não me sinto idiota, mas sim aliviada e grata por ter mais um dia para fazer algo útil e memorável nessa vida.

Mais um dia para me orgulhar de ser quem sou e ter o que tenho.

Um dia para servir de guia e exemplo para todos os outros que ainda vou rezar muito para conseguir...

Elaine Oliveira

27/08/2009

* * *

(Este texto faz referência ao texto "Nova Chance...")

Elaine Thrash
Enviado por Elaine Thrash em 28/08/2009
Reeditado em 28/08/2009
Código do texto: T1780081
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