MENTIRÓPOLES

Em uma cidadezinha do interior de nome Mentirópolis havia um aparente clima de harmonia e paz entre os moradores. O que todos tentavam esquecer e esconder uns dos outros é a verdade sobre a própria vida. Era o costume nesta cidade de cada habitante dali de nunca revelar a verdade de suas vidas. Era vergonhoso alguém revelar a verdade sobre si. Todos estavam acostumados a mentir. Parece até mesmo que existia dentro de cada habitante daquela cidade um desejo interno de competir para ver quem mentia mais, porque a cada ano que se passava uns mentiam mais do que os outros. Ninguém que residisse ali achava interessante dizer a verdade. O incomum era que umas poucas pessoas que não concordavam com esta prática habitual da cidade e preferiam viver sua vida contando somente a verdade eram discriminados. Os que gostavam de falar a verdade recebiam até um apelido OS VERDADEIROS e por onde passavam sofriam zombaria da maioria dos habitantes da cidade. Na cidade só havia uma escola pública: Escola Municipal Professor Mentiroso e aqueles filhos de famílias que eram classificados como VERDADEIROS não conseguiam matricular seus filhos na escola pública da cidade por causa da discriminação que sofriam. Para tanto mesmo as vezes com um poder aquisitivo baixo os VERDADEIROS tinham que ter poucos filhos porque gastariam na educação destes para matricular seus filhos em escola particular para que os mesmos pudessem ter algum tipo de formação educacional.

O Hospital da cidade tinha uma ala especial só para atender estes membros da sociedade de Mentirópolis que não viviam a prática da mentira, por que tinha uma lenda na cidade que quem pegasse um resfriado se quer transmitido por estes seriam então contaminados também pelo vírus da verdade.

Em um determinado dia iria haver uma gincana na cidade promovida pela maioria dos mentirosos. E o concurso ocorreu com a participação de todos os que pertenciam a este tão seleto grupo. Numa das brincadeiras em que envolvia trilha, mas sempre com situações para estimular o grupo vencedor que seria aquele que mentisse mais, houve um pequeno acidente. Este acidente ocorrera com a família favorita que era a família do prefeito da cidade. Havia um desfiladeiro e três membros da família caíram lá. Ninguém jamais poderia dizer a verdade porque senão o grupo que o fizesse seria desclassificado. O restante do grupo cujo os três participantes havia caído estava disposto a sacrificar aqueles acidentados somente para que todos pudessem ganhar o troféu e não serem desclassificados. Mas o filho mais novo da família estava tentado a dizer a verdade tendo em vista que um dos três que estava em perigo era um primo que era muito seu amigo. Todos estavam contra ele. Mas o jovenzinho não resistiu e foi até os organizadores e falou a verdade. Contou do acidente e que estes precisariam de socorro.

A atitude do menino comoveu todos que estavam naquela competição e lhes levou a reflexão de o quanto é importante dizer a verdade. Isto começou a mover o coração da cidade que começou a pensar na possibilidade de estarem errados quanto a sua filosofia de vida. A comoção foi tão grande que a cidade daquele dia em diante passou a se chamar Esperança. Isto porque havia uma esperança agora no coração de todos de que todo mundo pode mudar e pra melhor.

Amigo das letras
Enviado por Amigo das letras em 13/11/2009
Reeditado em 14/12/2009
Código do texto: T1921748
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