Nota do autor:
Antes que se comece a leitura, eu gostaria de informar que este conto detalha uma história real, similar à muitas outras, onde os pais quase perdem um filho que amam muito!
Estou fazendo esta observação para que pessoas sensíveis demais, ou que possuam algum problema de saúde que se eleve a partir de emoções fortes, escolham não ler o texto!
Peço isso pois na minha própria família tive problemas com isso e não quero, indiretamente ou não, ser responsável por algum mal estar!
Pode parecer ao terminar de ler que essa minha preocupação não passou de bobagem, mas sou um homem que gosta de plantar somente alegria no coração das pessoas, portanto achei válido este meu conselho.

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Pressentimento


Olá, como vão, como vai!
Venho hoje trazer um presente para minha filha Gabi, meio fora de época, não é seu aniversário nem é uma data especial!
Mas antes que ela desembrulhe este presente, preciso contar uma história que aconteceu quando...

“... Ela era ainda uma menina com 6 anos e brincava dentro de casa, enquanto eu arrumava minha gaveta da cômoda.
Acabei encontrando lá dentro um pequeno coração feito de cartolina azul, com os dizeres: Papai, eu ti amo!
Naquele momento eu me senti feliz, mas ao mesmo tempo uma sensação estranha tomou conta de mim!
Senti ao observar o coração de papel que ele possuía um significado especial, como que minha filha estivesse dando o seu coração para que eu cuidasse dele, caso alguma coisa acontecesse.
Guardei o coração em minha carteira e tratei de tirar qualquer pensamento negativo da minha cabeça e me arrumei para sairmos.
Pegamos um ônibus com destino a casa de sua avó paterna e nos últimos metros antes de chegarmos tivemos que correr, pois o tempo fechou de repente e a chuva caiu gelada.
Lembro que a primeira coisa que ouvimos foi sua prima gritando de medo da tempestade e perdi um tempo cumprimentando todo mundo.
Fui procurar minha filha e a encontrei no banheiro, com a porta aberta, debruçada sobre o vaso. Fui e pedi a sua avó um remédio para conter enjôos e voltei com um copo na mão e tentei entregá-lo em vão. Ao balançá-lo na frente dela percebi que ela não estava vendo o copo, pois trazia no rosto uma expressão vazia, ausente...
Peguei-a em meus braços e tentei conversar com ela, mas nada! Ela estava mole e com os olhos abertos virados para o lado. Desesperei-me!
Chamei minha irmã e com ela fomos de carro até a Santa Casa. No caminho senti que o ar me faltava e me pus a rezar.
Demos entrada no hospital, minha filha da mesma forma em meus braços, e a atendente queria fazer uma ficha antes de entrarmos.
Eu disse que não, veja minha filha como está!
Fiquei me movendo de um lado para o outro e logo entrei num local de pré-atendimento, onde eram verificadas as situações dos pacientes antes de passarem pelos médicos.
Colocaram-na numa maca e lhe deram oxigênio enquanto um paramédico do resgate veio me questionar sobre o que teria ocorrido, tentando me acalmar, mas só me fazendo ficar mais nervoso!
Ele me perguntou se ela havia sofrido algum tipo de acidente, se ela havia tomado algum medicamento por engano, se ela tinha algum problema de saúde. Respondi não para todas as questões, tentando ficar calmo, até que ele perguntou se eu havia batido nela.
Eu berrei: Não! Nunca!
Ele conseguiu me acalmar dizendo que esta era uma informação importante e depois que a levaram para o quarto fiquei sabendo que ela havia tido uma convulsão e depois teve mais duas no hospital.
Nesse meio tempo sua mãe já chegara e fomos liberados para vê-la no quarto, pois ela já havia sido medicada.
Quando eu a vi na cama meu coração se apertou mais ainda. Ela estava deitada de lado, virada para a parede, até aí tudo normal. Mas seus olhos continuavam abertos e ainda virados para o lado. Estremeci!
Uma enfermeira entrou e falou que ela estava bem, que aquela reação era normal, mas não me convenceu!
Queria minha filha alegre de volta logo!
Lembrei-me do coração de cartolina e o peguei em minha carteira e ao vê-lo chorei. Entendi naquele momento que sem querer ou impulsionada por uma força maior minha filha queria que eu fosse forte, pois era a única maneira de poder cuidar dela.
Respirei fundo e me sentei próximo dela, que estava da mesma forma de antes.
Nesse momento umas senhoras entraram no quarto e me perguntaram se poderiam rezar pela saúde de minha filha. Agradeci!
A oração que fizeram faz parte até hoje das minhas orações diárias: Jesus, Maria, eu vos amo! Salvai almas!
Depois que elas saíram eu finalmente comecei a me acalmar de fato, ajudado pelo que aconteceu depois.
Notei que ela estava melhor pois fechara os olhos, respirava calmamente e colocara o polegar na boca. Foi impossível não chorar novamente.
Até hoje não sei o que a levou a ter aquelas convulsões, sua saúde é normal e não houveram mais sustos!
Agradeci novamente ao Pai e sorri aliviado...”

Pois é, toda essa história tem a ver com o presente que eu trago hoje para ela!
Deixe-me que desembrulhe e me diga o que achou deste pequeno coraçãozinho de cartolina azul!



Acho que entendeu!
Hoje eu devolvo para ela aquele coração que ela deixou para que eu encontrasse e cuida-se!
Fiz o melhor que pude e hoje o devolvo em forma de presente!
Creio que vou preferir trocá-lo por uma abraço bem apertado assim que a ver novamente...
É, nem tudo é ficção...
Nem mesmo o amor que sinto por ela!
Muito menos o amor que ela sempre fez questão de demonstrar.
Espero que vivamos para sempre, no mínimo dentro do coração um do outro!

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A promessa!

Grande abraço para todos e sorte!
JGCosta
Enviado por JGCosta em 26/11/2009
Reeditado em 19/04/2010
Código do texto: T1944775