Duas Vozes

Um homem esbravejava no terceiro andar; Duas mangas amarelas gritavam em voz alta, rodopiantes, de braços abertos, se espalhando loucamente por todo o prédio:

- Eu quero que Aristóteles vá para o inferno!

E uma voz muida, suave, e pequena, resmungou do outro lado do corredor:

- Eu também...!

Então as vozes sonoramente se encontraram em timbres contrastantes. E os olhares se entrecruzaram, se reconheceram, amigos de longa-curta-data. E as mãos se acenaram. Rapidamente ele foi ao encontro da muideza da segunda voz, apertou-a às mãos, e suavemente se exaltou.

- Quer tomar um café?

- Opa! Claro!

E assim, sentaram-se, as duas vozes entrecostadas à um café ralo e quente, discutindo Aristóteles durante duas horas; Em tom maior e menor.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 23/12/2009
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