____ESPERANÇA PERFUMADA____

Entrei. Abri a casa. Cheirava a mofo. Escancarei as janelas, tirei todos os lençóis que cobriam os móveis. Poeira... poeira... poeira...

Mal terminei de acender os candelabros, a chuva forte começou a cair. Fechei as janelas, sai pela porta da frente, olhei o jardim, tão mal cuidado. Onde outrora haviam flores, rosas perfumadas, agora só haviam os galhos ressequidos.

Sentei ali, naquele lugar tão sem vida. Deixei que a chuva me molhasse a roupa, levantei o rosto ao céu e minhas lágrimas se misturaram à chuva.

Não sei precisar quantas horas fiquei ali. Só sei que levantei quando já nem mais sentia as pernas e os braços. Formigavam gelados. A chuva gelou-me até os ossos, mas lavou-me a alma.

Depois de um banho quente fui pra cama. Acordei com os pássaros cantando. Vesti-me correndo, como se uma urgência tivesse se apossado de mim. A urgência me impeliu até o centro da cidadezinha que há tanto tempo eu não via. No armazém comprei tudo que precisava. Deu pra encher a caminhonete. Um dos empregados teve que ir junto pra descarregar.

Depois de tudo na varanda, eu suada olhei pro senhor que veio comigo, agradeci e dei uma generosa gorjeta. Ao me despedir e sorrindo como eu nunca me lembrava de ter sorrido antes, disse a ele:

- Daqui a alguns meses teremos rosas aqui.

...

Milena Campello
Enviado por Milena Campello em 06/01/2010
Reeditado em 06/01/2010
Código do texto: T2013977
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