Melhor adereço

A pequena princesa de sete anos não se importava se o vestido de festa iria ou não combinar com o cachecol cor de sangue dobrado com capricho na prateleira do armário. Ela o amava, era sua peça favorita.

Quantas vezes, vestida com ele e calcinhas floridas se tornava a mais linda fada madrinha.

Hoje remexendo o baú do passado encontrou seu presente favorito, tão pequeno diante da mulher e tão grande a ponto de proteger fielmente tantos sonhos, personagem ativo de tantos contos.

Num impulso de infantilidade madura, marcou os olhos de preto, pintou os lábios de vermelho e saiu de casa usando seu melhor adereço.

Pelas ruas, sorria sem motivo, quanta ousadia misturar realidade com fantasia.