Traquinagem...Quem não fez?!

Toda pessoa já fez algumas traquinagens enquanto criança.E recordá-las já na idade adulta é uma diversão!Eu, por exemplo ,tenho uma coleção dessas brincadeiras infantis que, hoje, rio sozinha quando relembro delas.Meus netos adoram de ouvir-me contar.Afinal, não fiui santinha e nem tinha cara de anjo.

Toda criança sabe preparar ,com sabor de inocência e pureza angelical alguma esperteza para enganar os adultos que lhe rodeiam, o tempo todo,com suas chatas proibições ou falsos comportamentos.E em qualquer escapadinha a garotada aplica seus golpes para extravasar o seu EU quase sempre tão reprimido.

A traquinagem pode ser feita sozinha ou em grupo.Mais gostosa ainda é a que é feita em parceiria,pois se torna divertida e vai além da imaginação planejada para o momento da ação e ,depois quando juntos quando se comemora os feitos da vadiagem e “as peças pregadas” nos adultos.

Recordo-me uma dessas cenas gozadas que foi passada em casa de meu Dindinho Jozias,pai de minha mãe.Homem bondoso, mas de cara sempre fechada para mostrar sua autoridade no controle de tudo da casa e da família.Costumávamos sempre visitar a casa de meus avós maternos e muito nos distraíamos com grandes brincadeiras, pois a casa era enorme com vasta área, tanto na parte da frente,dos jardins, como na de trás, o quintal.Tínhamos aceso livremente nessas áreas onde corríamos à vontade e colhíamos frutas das mais saborosas como mangas, goiabas, sapotís, pitangas, cajazinhas, cajus,bananas,etc.Acompanhávamos o amadurecimento das frutas e sabíamos o momento da colheita.Existia em casa deles uma governanta de nome Marcolina que se preocupava,logicamente, em oferecer aos meus avós as melhores frutas e ordenava que o servente do quintal colhesse , logo cedinho, antes da chegada dos netos,pois elas esconderia na despensa.

Em um belo dia quando chegamos notamos que não havia mais frutas a serem colhidas e preparamos “um motim”para darmos um golpe na velha governanta.Em grupo entramos na cozinha onde ela estava e demos um abração nela na maior algazarra e arracamos da sua cintura, sem ela perceber,a chave da despensa onde por certo estariam escondidas as frutas gostosas e melhores que haviam desaparecido das fruteiras.Lembro-me bem que o primo Carlos Alberto foi o que se candidatou a entrar na despensa enquanto a tropa entretia Marcolina com brincadeiras e cantigas de rodas.De repente, ela percebe que perdeu a chave e se preocupa em procurar. Nisso vamos para a calçada receber pela janela as frutas que o primo jogava atirando-as para o lado de fora.Durou pouco a nossa farçanha! Fomos pegos na nossa artimanha!Mas,nos causou uma sensação tão gostosa de aventura que ainda hoje, quando recordo, dou gargalhadas!

Outra vez,em nossa casa da Rua Grande,de noite, papai e mamãe saíram e resolvemos: eu, Paulo e Antonio José brincarmos de para-quedistas utilizando um guarda chuva de meu pai e a sombrinha de mamãe. Nossa irmã mais velha, Christina,nunca queria participar de nossas bricadeiras,pois era metida a “comportadinha”e o mano Francis co era muito pequeno para nos acompanhar nessas artimanhas.O local escolhido foi o quarto de meus pais.Enrrolados em lençol ,subíamos no guarda roupas e com os instrumentais de vôo aberto,ou seja guarda chuva e sombrinha, pulávamos em cima da cama de casal.Que sensação gostosa daquele vôo!Era uma correria para se fazer todos os lances da peraltice, sobretudo que éramos tres e só havia dois acessórios.Um sempre ficava embaixo a espera do pouso dos outros.Foi sensacional essa brincadeira e ,por muita proteção de nossos Anjos da Guarda,nenhum saiu com ôlho furado, pois o risco foi grande! Só paramos quando o estrado da cama, não suportando o pula-pula dos tres peraltas ,arrebentou-se caindo no chão.E aí, quando estávamos naquela de querer ajeitar o que não seria possível,abre-se a porta e entra papai e mamãe.Que vergonha a nossa!!! A bagunça no quarto era terível! Lençol para todo lado,pois servia de vestimenta dos paraquedistas.Só queríamos só brincar e aconteceu aquela! Confesso que não fomos castigados, mas repreendidos pela brincadeira perigosa na qual algum poderia ter quebrado perna ou braço, além de um ôlho furado.Hoje vejo mesmo que papai e mamãe não eram chegados a surra, pois tiveram motivos , de sobra para algumas palmadinhas!

Mais outra de tantas peraltices que fazíamos vou contar ainda.Costumávamos acordar cedinho, mal o sol despontava dando um clarão para enchergarmos o caminho.O nosso intento era colher frutas caídas no quintal e saborearmos por lá mesmo,debaixo das árvores,antes que algum esperto chegasse primeiro.Dos irmãos ,Paulo, se tornava um líder nessa brincadeira,talvez por ser mesmo o mais guloso.Era incrível como acordava de madrugada, antes do galo cantar e das galinhas cacarejarem.Chegava ao ponto de ainda de noite quando ouvia uma fruta cair dizia bem alto: “essa é minha!”. Acordava-me e chamava também Antonio José. Não adiantava se insistir para Christina,nossa irmã mais velha, nos acompanhar,poisnunca queria ir. Além de não gostar de frutas, muito menos subir nas árvores.Tudo isso era feito antes da ida ao Colégio.Depois de corrermos procurando frutas nas árvores do nosso quintal,iniciava o ponto culminante da travessura! Era subir o muro,através de escalar pelas bananeiras.Primeiro , tínhamos o cuidado de ver se o dono da casa,nosso tio Orlando,já havia acordado.Já sabíamos que êle ao se levantar fazia a arba,antes do café, utilizando um espelho que colocava em cima do portal da janela.De longe,do muro , dávamos para ver e valia como um sinal para se entrar ou não, e colher as deliciosas cajazinhas e cajaranas.Lógico que êle nos pegou várias vezes,porém sua presença muito séria nos fazia correr. Nunca brigou,porém talvez aquilo não achasse bonito.Com o tempo meu tio, tão bonzinho, resolveu através de tia Maria Paulina,sua esposa,entrar num acôrdo: nós colheríamos as cajazinhas a as cajaranas seriam dele. Isso dito por ela.Ficamos satisfeitos com a proposta e nos contentávamos em ganhar cajaranas quando nos ofertassem .Falo sério que nunca deixei de comer as gostosas cajaranas ,pois sempre sobravam para nós e todas , as vezes que vejo essa fruta só me lembro dessas cenas.

Muitas outras cenas de traquinagens teria para contar para vocês! São tantas que daria um livro. Acreditam!?Agora só quis dar uma refrescada na memória. E quem não praticou uma peraltice?! Atire a primeira pedra.

Afinal todos nós passamos pela fase infantil que é rica de criatividade e não adianta se chamar de:moleques,traquinas, peraltas,guris…pois na realidade nada mais são que crianças…verdadeiros encantos da vida!

Autora:Yedamsm

yedamsm
Enviado por yedamsm em 19/10/2010
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