Não! à República de Platão!

Cai a noite, tudo volta ao normal.

Janelas, entre-abertas, deixam sopros do calor passar.

Aqui fora, um frio incomum se apossa d´alma e a faz tremer.

O som surdo, quase mudo, ecoa no ar e faz a mariposa voar.

Tênue neblina, a sessar pelas frestas do céu, molha o chão.

Os paralelepípedos brilham e confudem a direção.

Não me intimido pela promessa do castigo, inflijo.

É hora de viver a miséria que tenho na mão.

Maus presságios frustram a vontade. Instintos em extinção.

No peito aflora o pânico, e a crueldade se torna mais ampla.

À custa de alguns, outros detêm a satisfação.

E a casta dominante carece de coragem para estender a mão.

É preciso escapar do sofrimento, e a alma isolar.

Não! à República de Platão.

Fingir ser só, para escapar das garras da justiça social.

A nova era prometida está mutiliada pelos anarcas do poder.

A vida foi tolhida. A vontade reprimida.

Cadê o novo amanhã que não avança?

Onde se esconde essa sociedade tão sofrida?

Que foi feito das relações com segurança?

Raio Eterno
Enviado por Raio Eterno em 02/12/2010
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