Presente de Natal (humor) EC

Ontem saí com uma amiga para comprarmos presentes de natal. O plano era simples: lista na mão, shopping escolhido, meio de semana, horário comercial. Não tinha como dar errado, mas deu. Nós, e mais um montão, uma multidão de gente também teve o mesmo plano infalível de compras. Santo Deus, as pessoas estão indo cada vez mais cedo comprar presentes, nem ligam mais se é uma quinta feira, onze e trinta da manhã. Abortamos o plano, não antes de tentarmos, mas realmente não deu.

Para não perdermos viagem, resolvemos entrar no Giovanette para uns chopinhos e almoçarmos, e, foi aí que fluiu o texto do Exercício Criativo, que alias, substituiu um texto que já estava pronto.

Minha amiga me contou uma pérola que não tive como ignorar, e aqui está:

Na manhã de 23 de dezembro de 2009, ela estava indo para esse mesmo shopping comprar os últimos presentes de natal, quando um enorme engarrafamento deixou seu carro parado por muito tempo. Resolveu sair do carro, como muitos estavam fazendo para saber do que se tratava. Mal desceu e já foi vendo um policial ao lado de uma viatura, daquelas enormes, negras e assustadoras. Ficou hipnotizada com a forma com que o policial se portava: cara de mau, gestos firmes, arma em punho, cabelos curtíssimos, óculos escuros (tipo Rayban? Fui logo pergunntado. Não lembrou. Mas acho que deveria ser), uniforme impecável de limpo e passado, uma coisa preta larga amarrada em uma das pernas, onde se fixava um coldre que alojava outra arma. Ufa, com esta descrição, até confesso que não acharia ruim ser parada para uma averiguação.

Minha amiga tem pavor de sol, é uma branquela que se empanturra de filtro solar para proteger aquela pele super alva e linda, que nos causa inveja. Mas, neste dia nem ligou para o sol de rachar mamona, e ali ficou, sapiando do lado de fora, só para melhor devorar com os olhos a referida autoridade. O dito cujo deveria ser muito vistoso, pois minha amiga nunca foi me ver jogar uma partida de tênis, devido ao sol. Sempre diz assim: "Jogue a noite que eu vou. Sou uma pessoa lunar". Naquele dia, me disse que calor por calor ela também estava sentido, e precisava tomar um ar. Sei !!!!!.
" Seu guarda", o que aconteceu que tudo está parado?" É muita cara de pau. Sem nem olhar para ela, bem hostil, pediu para que voltasse para dentro do carro. Não se importando com o pito levado de primeira, resolveu arriscar mais uma: " posso usar o telefone então, mesmo com o carro parado?" (nunca vi uma desculpa tão ruim em toda minha vida). Com esta bandeira toda, o "seu guarda", ops... sargento, veio saber depois que se travava de um sargento, percebeu o flerte e logo mudou o tom. Mais gentil, pediu para a branquela voltar ao carro e usar sim o telefone, pois estavam em uma operação de captura. Ficou pior, aumentou o interesse, me contou a Maria Batalhão.
Depois desta, para a troca de telefone foi um passo, minha amiga não faz cerimônia. Dizem as más línguas que a coisa mais fácil aqui, é formar um pelotão de Maria Batalhão (minha amiga provavelmente será a Comandante geral). As mesmas más línguas, também dizem que os policiais sabem do fascínio que causam em algumas mulheres. Daí, é juntar a fome com a vontade de comer.

Voltando ao caso da minha amiga, que por sinal não deu em nada e termina até muito chato para meu gosto. Marcou um encontro com o belo policial que é solteríssimo, garantiu ele. 40 e pouco anos, sem filhos (isto é importante), esportista, vida saudável. Achei-o meio certinho de mais, não combina com a adrenalina e emoções constantes que deve ser a rotina de um policial desses. Mas, isto sou eu quem acho, e como a gente não sabe nada, temos que respeitar o certinho sargento. No encontro, como eu havia previsto, minha amiga ficou decepcionada (que é óbvio) quando o cara apareceu a paisana. Me confessou que ele era mais magro que aparentava (efeito da farda né filha), queria que ele fosse fardado? Não pode !!!! Tem que descascar....Merecia uma noite no xilindró por desejar uma coisa assim. Imagina a cena: um policial todo aparamentado sentado em uma mesa de bar? Merece um xilindró mesmo. O Sargento por sua vez, também não achou ela lá essas coisas, tratou de apressar o final do encontro e também falava a toda hora que ela era muito alta e tinha cabelos curtos de mais. Para bom entendedor é suficiente para sacar que ele prefere as baixinhas de cabelos grandes. Mas e aí, terminou assim, não deu em mais nada? Perguntei uai, pois naquela altura queria saber. Nada, não deu em nada, me contou frustrada. E você conseguiu comprar os presentes de natal naquele dia? Sim, respondeu," na época, nem importei de ficar lá naquela muvuca de gente me cutucando, estava com o encontro marcado, seria meu presente pós natal".
Pelotão! Ordinária! Marche!

Helba Otoni

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Presente de Natal
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/presentedenatal.htm



Imagem daqui:  http://stive.com.br/2008/03/13/vetor-victor-fonsecapmba.html